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O mundo da Ch@p@

E porque não Pessoa?

A.N, 28.06.05
"Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,
Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enrêdo suave
Do som que ela tem a cantar.
Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões p'ra cantar que a vida.
Ah, canta, canta sem razão!
O que em mim sente 'stá pensando.
Derrama no meu coração
A tua incerta voz ondeando!
Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! ó canção! A ciência
Pesa tanto e a vida é tão breve!
Entrai por mim dentro! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai! "


Fernando Pessoa

Questo è illegale

A.N, 27.06.05
Sei que ameaço tornar-me repetitiva e cansativa.
Isto, claro, partindo do pressuposto que ainda não me tomam como tal!
Mas a verdade é que mais uma vez o Metropolitano de Lisboa serviu de cenário para uma situação insólita.

No entanto, com algum embaraço da minha parte, desta vez eu fui uma das protagonistas.
Talvez devido ao cansaço ou a enormes ânsias de chegar a casa, distraí-me ao trocar de linhas no Marquês e quando dei por mim, ao invés de ir parar directamente à linha azul, acabei por dar saída ao meu bilhete e passar aquelas simpáticas portas de vidro automáticas que, conforme pude mais tarde constatar, além de feias são pesadas.
Ainda perplexa com esta minha atitude idiota e irreflectida, hesitei em comprar um novo bilhete.
No entanto, antes mesmo de chegar às máquinas automáticas, reparei que as simpáticas portas que davam acesso à linha azul se encontravam amplamente abertas.
Entrei descansada no metro, esquecendo-me de um pequeno detalhe: o cartão que não validei na entrada, teria que inevitavelmente ser utilizado nas portas de saída.
Ao chegar a S. Sebastião, como já seria de esperar, o meu bilhete foi recusado pelas ameaçadoras e teimosas portas que não cederam às minhas tentativas.
Optei então por pedir a uma rapariga que passava, o favor de me deixar transpor com ela aquelas barreiras impossíveis.
Passei, mas guardo até hoje as marcas do raio das portas.
E, como se a dor por si só não fosse suficiente, eis que ouço uma voz estridente de um italiano pouco mais novo do que eu, com aquele look erasmus inconfundível, que alarmava todos os transeuntes da estação: “ ILLEGALE! ILLEGALE!QUESTO È ILLEGALE!”.
Acusador, o desgraçado vociferava apontando-me um dedo incriminador, que por pouco não chamou a atenção do segurança que se encontrava a alguns escassos metros.
Até hoje, não consigo parar de pensar na ironia da situação:

1) Eu que compro sempre bilhete de metro e frequento aquelas linhas há anos, como pude cometer tamanha estupidez?
2) Quem criou aquele sistema de portas foi, sem dúvida alguma, um génio. Não só permite encarcerar-nos horas a fios nos subterrâneos de Lisboa, como na eventualidade de conseguirmos evadir-nos, nunca o faremos de forma indolor. Além de que ficam sempre hematomas para confirmá-lo.

3)O que leva um erasmus a proceder daquela forma? Não deveria ser eu a proclamar a ilegalidade do acto, enquanto portuguesa e advogada estagiária? E não deveria ser erasmus italiano a cometê-lo?

...

A.N, 27.06.05
Sentei-me para escrever um email a umas amigas que partem amanhã para o Pantanal, mas fui incapaz de escrever uma linha sequer.
Não as vejo há algum tempo, mas ainda assim sinto que não tenho muito para lhes contar.
Ou, melhor, sinto que não tenho nada de interessante para contar.

O que é que uma pessoa que está em Lisboa, a trabalhar, pode contar a alguém que está prestes a passar dois meses a viajar pela América do Sul?

A ti también te vale pito?

A.N, 26.06.05



Origem? Mexicana.
A história? Simples...ou talvez não; cheia de subtilezas ou tratar-se-ia de pura ironia?; provoca sorrisos num cenário de complexas e tristes relações humanas; inteligente. Sim, um filme inteligente. Sem dúvida.
Onde? King, 21.30.
Moral da história? A não perder!

Na eventualidade de passarem por Barcelona nos próximos tempos...

A.N, 23.06.05
E caso apreciem uma exposição ligeira, mas interessante, recomenda-se uma passagem na Caixa Forúm , em Montjuïc, onde estará presente, até dia 21 de Agosto, a exposição de retratos de Rineke Dijkstra.

Horário: De terça a domingo, das 10.00 a 20.00h.
Segunda-feira: encerrado, excepto feriados.

Á Borliu! ( Só isso, já torna a exposição suficientemente interessante! ;) )

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