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O mundo da Ch@p@

Doses excessivas de televisão nunca dão bom resultado

A.N, 21.04.06



A caminho de casa, vejo-me obrigada a parar num semáforo e a olhar o céu onde, para meu grande espanto, vejo um avião comercial a dirigir-se à Portela escoltado por dois caças militares.

Subitamente sou dominada por uma vontade irracional de inverter o meu sentido de marcha, dirigir-me ao El Corte, abastecer-me de doses de Manchego e Pata Negra suficientes para me ajudarem a sobreviver e correr para o bunker que desconfio existir nos subterrâneos do Palácio da Justiça.

Partidas

A.N, 19.04.06

A confirmação da partida ainda lhe permitiu, momentaneamente, abstrair-se do momento em que deixaria para trás um quarto de século de reclusão no seu cantinho da Ibéria..

O desconhecido, ainda que estimulante, assustava-o, mas não podia vacilar e, uma vez decidido a ir-se, não seria coerente morrer na praia.

Nunca havia estado sózinho antes; mesmo nas férias nunca se prolongava mais do que uma semana , pois o dever retinha-o na capital demasiado tempo para que se pudesse dar ao luxo de relaxar durante muito mais tempo.

Desta vez não só não partiria de férias, como também não poderia ficar apenas uma semana.

Teria que adaptar-se, temporariamente, ao seu novo país; a uma vida sem as certezas de um jantar quente na mesa; sem aqueles que , apesar de orgulhosamente o negar, davam sentido à sua tão solitária missão.

E na hora da despedida, só aqueles que um dia já partiram,viram que, por detrás da piada do adeus, se encontrava a ironia de uma saudade antecipada.

A propósito do anonimato

A.N, 18.04.06
"(...) Ódios interiores que se consomem no brando lume do despeito, denunciantes e escrevinhadores de bilhetes anónimos; eis o retrato da cobardia anónima. O anónimo é, quase sempre, um ser atormentado que busca na ofensa causada a terceiros a desforra pela frustração de se ver sempre preterido e esquecido. A Internet facultou-lhe, agora, um terreno fértil: aqui um "recadinho", ali uma insinuação, acolá uma difamaçãozinha. Incapaz de se desvelar, vive intensamente na expectativa de causar perturbação. Trabalho baldado. A venenosa mensagem aterra num post, é lida com comiseração, e logo atirada para o lixo. Pura perda de tempo para o anónimo e grande satisfação para quem, sabendo-se alvo de inveja, acrescenta uns pontos à auto-estima."

Miss Pearls

Colecção DVD Woody Allen

A.N, 17.04.06



19 de Abril - Manhattan
26 de Abril- Ana e as Suas Irmãs/Hannah and Her Sisters (1986)
3 de Maio-Annie Hall (1977
10 de Maio-O ABC do Amor/Everything You Always Wanted To Know About Sex* (*But Were Afraid To Ask) (1972
17 de Maio-Intimidade/Interiors (1978)
24 de Maio-Uma Outra Mulher/Another Woman (1988)
31 de Maio-Uma Comédia Sexual Numa Noite de Verão/A Midsummer Night’s Sex Comedy (1982)


Às quartas-feiras,com o PÚBLICO,por apenas mais 8,90 euros.

As regras da casa

A.N, 14.04.06
Tirana e temperalmente, a Chapa altera as regras do jogo.
Nesta casa, tal como em qualquer outra, não entra quem quer, mas apenas quem pode.
Em minha casa, só recebo os meus amigos, aqueles que me fazem sentir bem, aqueles em quem confio, aqueles a quem concedo o privilégio de aceder ao meu espaço íntimo.
No meu Mundo, esse lema agora passou agora a ser regra.
Só comenta quem pode.
Peço desculpa aqueles que, ainda sob o anonimato, deixavam os seus comentários simpáticos ou mensagens de carinho que deram alento ao longo destes quase dois anos.
Dá mais trabalho registar, mas clarifica, um bocadinho mais, a identidade dos convidados que acedem a esta minha casa.
Censura? TALVEZ... Mas nesta casa quem dita as regras ainda sou eu.

A vida fácil

A.N, 14.04.06
O dia amanheceu sem deixar adivinhar o final de tarde que nos esperava.
Admito que a azáfama da manhã não deixa muito tempo para reflexões ou para reparar nos pequenos nadas que nos fazem amar Lisboa no verão, mas nada fazia adivinhar o fim de dia frente ao rio, de imperial na mão, sem pressas, sem compromissos, sem cansaços ou impedimentos..
Os corpos, ainda sem graça, começavam a mostrar-se nas ruas, através das mangas curtas ou dos decotes pronunciados, com aquele tom amarelado de quem clama por sol e cores saudáveis.
Sem precisar o decorrer do dia e a languidez típica dos dias que antecedem feriados, em Lisboa a rua convidava-nos a passear, a visitar os jardins e a invadir as esplanadas, repletas de turistas e de outros tantos que não.
Os empregados de mesa olhavam de soslaio os transeuntes lisboetas.
Afinal, quem dá boas gorjetas são os estrangeiros e as mesas são poucas, pelo que “andor daqui que se faz tarde”.
Mas o fim de tarde estava tão ameno e convidativo que nem a malcriação dos maus serviços prestados nos impediu de apreciar a luz de Santa Catarina.
Nos jardins, os corpos ( jovens ou nem tanto) relaxadamente deitados, a panóplia de idiomas falados e o garrido das suas vestes não deixavam margem para enganos: Lisboa já não é só dos lisboetas, mas daquela mistura de raças que ontem a coloriu como há muito não se via.
Correndo o risco de nos estarmos a assemelhar demasiado aos nórdicos, a verdade é que o sol chegou e todos saímos à rua, numa espécie de boas-vindas improvisadas.
E as borboletas na barriga voltaram, sem qualquer tipo de introdução ou aviso.

A vida é tão mais fácil no verão...

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