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O mundo da Ch@p@

Angústia - 2

A.N, 20.07.06
Pessoas ansiosas que dormem mal, que não descansam a própria mente nem deixam que os demais descansem a sua.
Acordam sem saber se dormiram; comem sem saborear a textura dos alimentos; esquecem-se das horas, do calor ou da pressa.
Actuam sem reflexão ou sem outro intuito que não seja o de fingir normalidade.
Às vezes só gostavam de não saber; de não sentir; de não se deixar afectar.
Outras vezes, apenas desejavam ter apenas sorte, mais do que inteligência ou cultura geral.
De que serve toda a biblioteca folheada, se o azar pode surpreender-nos atrás da porta?
Têm medo, os angustiados, porque são conscientes da sua fragilidade.
Felizes os que caminham na tranquilidade da autoconfiança, os que não se questionam, os iluminados, os que não hesitam, os que acreditam.

Nós os outros (nosotros), aguardamos…desesperamos…duvidamos…

...

A.N, 16.07.06
Porque não há muito para escrever.
Porque com temperaturas destas, soa a pecado desperdiçar tempo em frente ao computador.
Porque a vida sorri.
Porque a “encruzilhada” libertou alguns dos seus nós e tomou a forma de decisão definitiva.
Porque a praia estava óptima; porque a segunda-feira já não assusta, porque o caminho se faz caminhando e o que vier será bem-vindo!

"O Nariz" de Chostakovitch

A.N, 12.07.06


A época? Rússia de Nikolai I.

O tom? Satírico, irónico, corrosivo.

As melodias? Dissonâncias caóticas que nos transportam a outra dimensão da realidade (ou seria o absurdo da fantasia?).

Um cenário despretensioso, coreografias geniais, 25 cantores, 70 papéis e um S. Carlos acolhedor, com vestígios de outros tempos, de outras mentalidades, de outra cultura.

“O Nariz” pode ser o órgão principal de toda a trama, mas quem saiu satisfeito para o Chiado, naquela noite quente de Julho, foram os “olhos” e os “ouvidos” que há muito ansiavam por um bom espectáculo.

O depois

A.N, 09.07.06



O Chico chegou a tempo de soprar as velas, partir o bolo e valer por dois.

Os dias passaram com uma velocidade vertiginosa e o estômago, encolhido e preocupado, recusava-se a apaziguar o turbilhão emocional.

A noite, finalmente, deu lugar ao dia em que a mala foi feita, pela primeira vez, com relutância e ansiedade.

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<p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal"><br /></p><p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal"><br /></p><p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">O Chico chegou a tempo de soprar as velas, partir o bolo e valer por dois.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">Os dias passaram com uma velocidade vertiginosa e o estômago, encolhido e preocupado, recusava-se a apaziguar o turbilhão emocional.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">A noite, finalmente, deu lugar ao dia em que a mala foi feita, pela primeira vez, com relutância e ansiedade.</p> <span style=";"font-family: georgia;" class="MsoNormal">E finalmente começou o verão e com ele os primeiros dias depois dos 25 anos que já passaram.</span><span style="font-family:georgia;"> </span>

Desporto rei

A.N, 02.07.06



Todas as tentativas de regressar ao tom analítico e impessoal que outrora caracterizava este “spot” , têm-se revelado infrutíferas.

Os dias de reclusão, o Mundial e a pouca dose televisiva são apontados como factores determinantes para a minha falta de capacidade de análise e vêm acentuando o que mais egocêntrico transporto no meu ser.

Como tal, nem as hérnias do Freitas inspiraram os meus dedos preguiçosos, nem o meu cansaço cerebral me permite discursar sobre Guantanamo.

Juntamente com os restantes milhões de aficcionados, escrevo sobre futebol.

Sobre a vitória de Portugal ou as garras de leão do Ricardo, o descontrolo do Rooney ou a tranquilidade do pénalti do Cristiano, pouco ou nada há a acrescentar aos milhares de posts, artigos de opinião e conversas de café que apimentaram a vitória de ontem e a ressaca do dia de hoje.

Penso sim, no conceito de desportivismo que ontem, de forma polida e politicamente correcta, pautava os prognósticos do jogo, horas antes da partida ter inicio.

Questionado por um repórter, um emigrante português em Londres afirmava tranquilo que esperava que ganhasse o melhor.

Sorri perante o fair play que este gentleman luso demonstrou frente às câmeras e perante sorriso hipócrita e pouco convencido que revelou no final de proferir tal vaticínio.

Tratando-se de futebol e, principalmente, de um apuramento para as meias finais de um campeonato do mundo, quase que cai no ridículo uma afirmação destas.

Obviamente, como portugueses que somos, não queremos a vitória do que jogar melhor: queremos a vitória de Portugal.

Sofrida ou descontraída, nos 90 minutos ou nos pénaltis, com cartões encarnados ou roxos com pintinhas, o que importa é que a bola trespasse a linha da baliza e o painel mostre vantagem numérica.

O desportivismo fica bem ao seleccionador e aos jogadores, numa lógica de dever de correcção e urbanidade (ainda que fingido!), face aos adversários em campo.

Aos aficcionados, irracionais e apaixonados, nada nos é exigido, pois a única exigência a ser feita é aquela que nos assiste sob a forma de direito natural, após dias de ansiedade e 90 minutos de angústia.

Porém, aqueles há que, ingloriamente, tentam atribuir um cariz de intelectualismo ao desporto do coração.

Em Portugal, políticos, filósofos, padres, cineastas, escritores e apresentadores televisivos opinam, de forma quase que intelectualmente ofensiva, acerca o desempenho dos jogadores portugueses e das opções tácticas de Scolari.

Ofensiva na medida em que se esquecem do valor da especialização e transportam para a opinião pública, os seus desabafos de treinadores de bancada.

Opiniões essas, reveladoras de escassos conhecimentos e de amargurados e despropositados comentários que mancham de vergonha os dias de festa para toda uma nação em histeria que se borrifa para a resolução do jogo nas grandes penalidades e em tempo de fome, aperta o cinto, agarra na bandeira e vai dançar para as ruas, deixando as tristezas em casa, pois estas não pagam dívidas nem bilhetes para o estádio de Gelsenkirchen.

Esses mesmos treinadores de bancada, a quem inexplicavelmente é concedido tempo de antena, interpretam de forma errónea o conceito de desportivismo, criticando os sucessos da selecção que supostamente é nossa, enaltecendo os adversários e subestimando aqueles que realmente trabalham dentro das quatro linhas e que com os seus lances de bola lhes asseguram deslocações a Alemanha e emissões em directo de agradáveis Biergartens.

Desportivismo é saber estar bem, quer na vitória como na derrota e não se confunde com sentimentos comezinhos de quem não tem capacidade de adaptação a uma realidade desconhecida.

Ao final da noite de ontem, o povo brasileiro, entre lágrimas e gritos de fim do mundo, saltou e gritou pelo apuramento de Portugal, revelando a essência da festa do desporto.

Nós, por cá, saímos à rua e apitámos até tarde.

Na RTP, porém, so called portugueses, de cachecol ao peito e bem pagos pela sua presença, lamentavam que as “boas equipas” já tivessem sido eliminadas e criticavam, gratuita e infundadamente a selecção de Scolari, procurando um protagonismo fácil através comentários snobes e preconceituosos que, certamente, cairão em saco roto perante os verdadeiros e únicos protagonistas da tarde de ontem que já estavam a caminho de Marienfeld.

E que venha a “selecção colorida” do infeliz Le Pen!