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O mundo da Ch@p@

Irmãos e irmãs

A.N, 31.10.07
"Comportavam-se como irmãs: ora choravam, ora riam; ora se abraçavam ou se repeliam; queixumes e confortos numa mesma linha de diálogo.
Receberam a mesma educação, frequentaram as mesmas escolas, os amigos eram comuns.
Leram os mesmos livros, a música foi sempre partilhada, mas os ideais desde sempre as separaram.
Com a passagem do tempo as diferenças de personalidade acentuaram-se. Os planos deixaram de convergir. As ideias tornaram-se paradoxais.
Por vezes, observavam-se como estranhas, unidas pela fatalidade incontornável dos laços familiares.
Não era uma questão de falta de afectos, pois estes existem a priori.
Trata-se de embaraço, de uma distância socialmente aceitável; de uma relação que prescinde de palavras por delas não carecer.
E o tempo passa sem que nada se altere, com as mesmas oscilações de humor, os mesmos ciúmes irracionais.
Anos depois, com os filhos já longe, sentadas no sofá, riem juntas.
Ao fazê-lo vincam ainda mais as rugas que lhes desenham o rosto: afinal, ainda discutem por causa do comando da televisão que agarram com as mãos trémulas da artrite."

The Kingdom

A.N, 22.10.07


O regresso, em força, às salas de cinema, desta feita com pipocas e coca-cola, num formato pouco original e que peca pela superficialidade.
Ainda assim, mais não se poderia exigir para um serão de Domingo que mais parecia uma segunda-feira.

Amiga regressada de N.Y

A.N, 19.10.07
"Então, como correu essa viagem?"

"Bem...nem te conto. Foi linda. Maravilhosa! Aquela cidade, pá, aquela cidade... Digo-te, eu nasci para viver naquela cidade. Tem tudo a ver comigo."

"Não te querendo desmoralizar com os meus habituais comentários amargos, não me parece que sejas a única que deveria estar a viver em N.Y.. Sempre considerei que o facto de todos nós termos nascido e vivido, quase sempre, na parvalheira mais ocidental da Europa, foi um tremendo erro de casting... "

Mighty heart

A.N, 17.10.07



Recordemos imagens de um passado recente. Aquelas que , actualmente, quase que nos deixam indiferentes durante o jantar; que já não impressionam nem retiram aos abundantes alimentos o sabor acrescido de uma refeição tranquila.

Recordemos as vítimas da violência cobarde, o miserável terrorismo.

Recordemos, com esforço, os tempos em que o medo não fazia parte do quotidiano e a violência ainda impressionava.

Infelizmente, a barbárie tornou-se vulgar e as tragédias não têm como cenário ideais nacionalistas ou credos inabaláveis: tornam-se comuns e nessa desvalorização, não são nada mais do que um drama pessoal.
A culpa, como sempre, morre solteira e os porquês tornam-se supérfluos.

O drama da família Pearl, retratado a partir dos relatos da própria Marianne Pearl e através de uma representação irrepreensível de Angelina Jolie, provoca a emotividade e a reflexão que os noticiários descuram.

Para ver.
Para pensar.


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