Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O mundo da Ch@p@

...

A.N, 29.02.08




Há coisas que eu não entendo nos debates quinzenais do Primeiro Ministro na Assembleia da República.

Desde logo a presença de todos os ministros que mais não fazem do que acompanhar o funeral enquanto Sócrates  usa e abusa da arte da retórica, para dizer o mesmo de sempre e camuflar, muitas vezes, o óbvio.

Se bem que sempre ouvi dizer que quando um burro fala, os outros baixam as orelhas, parece-me que a forma demasiado condescendente com que Sócrates tratar os seus “meninos”em nada abona em favor destes que ali jazem, inertes, submissos ao silêncio para não sucumbir à ignorância;  temerosos do juízo do paizinho que  não faz por disfarçar a descrença nas capacidades dos seus rebentos.

 

Por outro lado, não concebo democracia mais decadente do que a nossa, uma vez que ao invés de ideias, projectos e intervenções na vida social, desperdiça tempo, energia e dinheiro dos contribuintes a discutir “branqueamentos” dentários e outras ofensas ignóbeis que ferem o ego de Paulo Portas.

Num ataque de verdadeiro arrojo, este após se ter vitimizado perante o parlamento e as acusações infundadas de Jaime Silva, Paulinho muda a estratégia e eleva a conversa para o nível que lhe é familiar: faca na liga e conversa de mercado.

Diz, peremptoriamente, não o temer Sócrates, afirmação a que este responde, devolvendo a ameaça.

Se o país não queria conhecer tal facto, não pode, a partir de hoje e sem motivo que o justifique, ignorar. Contributo significativo para a evolução do país? Nenhum.

 

A última perplexidade do debate foi, como não poderia deixar de ser, a intervenção de Santana Lopes que em nome do PSD falou de ética e moral, recriminando as atitudes, pouco humildes, do primeiro-ministro.

Atravessará, o maior partido da oposição, um  período tão negro, para represtinar o seu representante mais catastrófico de sempre?

...

A.N, 27.02.08



Ás vezes (e hoje é um desses dias) em quase que acredito que poderia viver assim.
Quem precisa de um cérebro, quando se pode ter paz de espírito?

Blogar

A.N, 23.02.08

 

 

São palavras simples. Pequenas, tamanho 11, um parágrafo e meio que chegam de manhã, ao final do dia, quando menos se espera, mas quando mais se precisa.

Que nos fazem escrever, querer publicar, dedicar energia e esforço a um projecto que há muito que deixou de ser nosso e ganhou vida própria.

São pequenos mimos, em forma de email, que alimentam a vida deste espaço. São visitas que regressam e prolongam a estadia.

Não é o número do contador de visitantes, mas sim a qualidade destes.

Hora de ponta

A.N, 21.02.08

Hoje cruzei-me com uma senhora que sem pudor ou piedade, arrancava flores de um jardim público e gritava aos transeuntes infelizes que com ela se cruzavam, fados com letras de abandono, traição e desgosto.

Gritava com todo o fôlego dos seus pulmões, apregoando ao mundo jamais regressar ao homem que com razão abandonara.

Desconfiados, os presenteados com tal espectáculo, encolhiam os ombros à passagem e apelidavam-na de louca.

Sob a melodia que ecoava do ipod  (baixinho, porque afinal sempre se estava a cantar o fado), ela não me pareceu louca, mas incrivelmente sã e possuidora de uma ternurenta beleza, pela forma descomplexada e sem melindres com que se expunha ao mundo.

Com a mesma música a pautar-me os movimentos, observei um estrangeiro, desses entre muitos que nos últimos anos vieram colorir Lisboa, que circulava de bicicleta à hora de ponta na Praça de Espanha, descontraído, sorridente e relaxado, imune aos olhares sanguinários de quem ao volante transporta uma jornada de trabalho.

A música retirou a pressa deste cenário quase idílico, com o pôr-do-sol ainda no horizonte,  provocando a suspensão dos rasgos mais densos do dia e retirando, a toda a cena, os veios de loucura e desvario que a mesma, em circunstâncias normais, teria.

Afinal, pelo menos para mim, a música suave conseguiu parar a cidade, mas

esta, sem se dar conta, continuou-se a mexer.

The big chill

A.N, 20.02.08



"Recorda-me para que te conte a história do dia em que cedi ao capitalismo.

Hoje, não, que se faz tarde e tenho a vista cansada das luzes do computador."

Pág. 1/3