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O mundo da Ch@p@

La Latina

A.N, 29.09.08

Regressar a Madrid, além de nunca ser um sacríficio (pese embora o meu coração pertença a Barcelona e reconheça que sucumbi ao fanatismo da opção radical entre uma cidade e a outra), é sempre um momento de autoreflexão e análise civilizacional.

Onde é que nós, portugueses, errámos?

Quando é que decidimos que as ruas das nossas cidades passariam a pertencer ao bicho papão do "domínio público" e renunciámos a usufruir delas de pleno direito, como qualquer outro legitimado comproprietário o faria?

Quem decidiu que os jantares deveriam ser sentados, em restaurantes não muito ruidosos e que a contenção no diálogo seria uma virtude?

Que latifundiário alentejano decidiu que o nosso presunto deveria ser seco e salgado e que não combinava com queijo brie?

 

Regressar a Madrid é constatar sempre que a semelhança entre portugueses e espanhóis, contrariamente ao que parece, é na realidade muito ténue e para mim, visitar a capital espanhola sabe, cada vez mais, a saudade.

Saudade de aquilo que um dia poderíamos ter sido e daquilo que provavelmente nunca seremos.

Portela - Barajas

A.N, 29.09.08

 

Num espaço de três dias, qual a probabilidade de:

 

1) perder o bilhete de identidade

2) quase perder um vôo

3) perder uma mala

4) de facto perder um vôo?

 

 

Por favor, alguém que me recorde, urgentemente, de jogar no Euromilhões...

Movimento de Denúncia de Conteúdos Ofensivos

A.N, 24.09.08
 
 
 
 
24.09.2008 - 22h05 - Armindo, Braga
Há aqui algum estupor que anda a apagar os meus comentários. Tenho a intuição que é um boy.
Só poderia ser. É a democracia, a tolerância, o respeito que têm pela opinião dos outros. É de lamentar!
<input ... >

 

 

 A questão coloca-se: falta de noção democrática ou um método de avaliação precoce de potenciais serial killers?

 

Que opina, cara amiga?

Conteúdos ofensivos - II estirpe

A.N, 24.09.08

Está reformado há dois anos e desde o dia em que removeu todos os seus haveres da secretária do Ministério, arrependera-se da decisão que tomara.

Demasiado novo para estar sem fazer nada e, ironicamente, demasiado velho para iniciar uma actividade.

Mas Vítor gosta de ler; compra o "Correio da Manhã" todos os dias e não perde o telejornal da uma e das oito.

Preocupa-o a criminalidade e culpa os brasileiros; os moldavos, aquela coisa do Schengen, cujos termos desconhece mas sabe ser responsável pelas ondas de violência das gasolineiras e do carjacking do Montijo.

O filho do vizinho que percebe de computadores e lhe instalou o plasma com blue ray que comprou em promoção no Media Market, incentivou-o a instalar internet em casa e a manter-se informado acerca do mundo através da internet.

Rapidamente lhe apanhou o jeito e hoje fala, aos fins-de-semana com os netos que vivem no Canadá e a quem, não obstante, continua a não conseguir reencaminhar os emails com as piadas picantes que a Sónia, uma vintona com quem acredita manter um jovial flirt , lhe envia todos os dias.

Descobriu a possibilidade de comentar os artigos do Público e identificou-se imediatamente com o tom de censura e superioridade moral: afinal, o lobby gay e os judeus dominam o mundo e o Valentim Loureiro é um homem, cujas virtudes se sobrepõem, largamente, aos defeitos.

"São a vergonha nacional" , comenta sem dó nem piedade.

"Espanquem-se os juízes para ver se soltam esses gatunos em três horas".

"A Fátima Felgueiras ao menos fez algo pelo povo da sua terra e isso é muito mais do que aqueles que se dizem sérios podem dizer."

Desliga o computador porque está na hora de ir aparar a latada.

O seu contributo para a sociedade já está lançado.

E no final do dia , acredita piamente que se ao menos todos fossem como ele, este país andaria para a frente.

 

Denunciar conteúdo ofensivo - Parte Um

A.N, 24.09.08

Acorda por volta das onze e não dispensa a bica e o pão de leite com fiambre no café em frente.

A mãe reclama todas as manhãs que ele é novo e não devia deixar-se vencer pela preguiça; que responda a anúncios; que pergunte ao primo do João se o emprego na loja do Colombo ainda se mantém; que arranje uma boa rapariga e deixa de andar com as rameiras do bairro.

Ele finge que não a ouve e crava-lhe uns trocos para os cigarros.

Fica no café até perto do meio dia e ruma então para casa, para espreitar a caixa do correio e ver se chegou a carta do fundo de desemprego.

Liga-se, então, à internet através da ligação caseira (e obviamente ilegal) que o vizinho que trabalha na netcabo criou para os amigos mais próximos da rua.

Acede ao site do forúm do Sporting, enquanto acende o quinto cigarro da manhã. Da sala, chegam sons da “Tertúlia Côr-de-Rosa” e os comentários impertinentes da avó que vive com eles desde a última crise de gota .

Está desanimado e ainda que tenha consciência de que nada fez, sente-se cansado.

Discute-se o caso Vuksevic  e ele não fica isento: “Filho da puta do ucraniano ou lá o que é. Volta mas é para a tua terra que preguiçosos já cá temos muitos”.

Publish comment.

Sorri e aguarda uns segundos até que volta a recarregar a página e começam as chegar os comentários reaccionários.

O dia está ganho.

Agora é só jogar Pro-Evolution Soccer até à hora do jantar.

...

A.N, 21.09.08

Deliciosamente plagiado de uma conversa de fim-de-dia junto ao rio.

 

 

" Existem muitas trintonas desesperadas e o estado de desânimo é tal que já nem disfarçam ou controlam os comentários amargos e desdenhosos quando vêem outras felizes".

"Achas que se estivéssemos no lugar delas seríamos assim?"

"Não sei. Já não nos vejo capazes de actos dramáticos."

"Achas que existe, então, uma verdadeira e acentuada distância geracional, entre nós as de vinte e muitos e as trintonas solteiras, no que respeita a homens?"

"Sim. A diferença é que elas foram criadas num tempo em que se acreditava que um homem seria delas para sempre. Nós, contrariamente a essa corrente, nascemos num tempo em que nos é dito, à partida e sem pudores, que não existem histórias com finais "felizes para sempre" e por isso estamos por tudo".

O problema não és tu...sou eu

A.N, 20.09.08

"Adaptação"
 
1) acção de adaptar ou adaptar-se;
2) acomodação;
3) processo pelo qual um organismo se ajusta às condições do meio ambiente que o rodeia.
 
 
E se adaptar-nos não for, necessariamente, bom?
 
(As tardes de sol passadas em casa trazem perguntas desnecessárias a mentes incapazes de relaxar)

...

A.N, 17.09.08

A minha mãe não lê o meu blogue.

Talvez por ser meio torpe no manuseamento de computadores; talvez por preguiça; talvez por pretender, mais do que tudo, ser minha mãe e não uma pseudo melhor amiga e acreditar que ver-me como mulher seria colocar um ponto final no mito da criancice em que insistimos em habitar, a verdade é que ela se por aqui assentou arraiais mais do que meia dúzia de vezes é uma sorte.

Se, por ventura, a minha mãe lesse este blogue, saberia que o facto de muito ter ficado por escrever  no ano que findou , significa que muito mais não lhe foi dito, muito mais ficará certamente por partilhar e muito mais do aquilo que escrevo tenho infindáveis milongas que provavelmente nunca lhe contarei.

Agora que o tempo escasseia e o cansaço impera, partilho com ela a alegria dos cinquenta; um caminho de vitórias, orgulhosamente, percorrido, o simples facto de estarmos vivas e de lhe poder reclamar, olhos nos olhos, acerca do facto de "aqui" não me visitar.

 

Hoje o dia é de festa.

 

E para ela, pelo dia de hoje e por todos os que passaram e se seguirão, aqui vão os meus parabéns!

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