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O mundo da Ch@p@

The Curious Case of Benjamin Button

A.N, 26.01.09

 

 

 

 

 

 

 

Imagine-se uma inversão da ordem natural das coisas. Aceite-se, como “normal”, o desenvolvimento de uma criança num corpo envelhecido e cansado, abandonado num lar de idosos, entregue a cheiros e nostalgias de uma época que ainda não se viveu, num estado de absoluta solidão e reclusão psicológica.

Quem nasce velho e morre jovem, permanece para sempre prisioneiro numa forçada juventude, se bem que paradoxal, no caso curioso de Benjamin Button, onde esta surge, inevitavelmente, de mãos de dadas com a morte e com uma inocência tocante, marcada por rasgos de uma racionalidade desprendida. Acredito que este não seja um grande filme na opinião da maioria das pessoas e que os bem-aventurados seres alheios à doença, velhice e à solidão não se deixem sensibilizar pelas actuações esmeradas e superficialmente simples de Brad Pitt e Cate Blanchet. Afastando-nos, porém, dos aspectos técnicos do filme, aprecie-se a graciosidade de uma história que além de original, nos faz repensar a vida a cada instante do enredo.    

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A.N, 20.01.09

 

 

 

 

Não vivemos uma época propícia a compromissos. A crueldade dos dias renuncia, implicitamente, a apelos à virtude, valores da Humanidade, gestos altruístas ou de compaixão.

Porém, atendendo ao que ficou para trás, o discurso só pode ser de esperança: dificilmente as coisas poderão piorar.

 

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A.N, 17.01.09

 

 

 

A julgar pelas reacções, começo a acreditar que os destaques do Sapo, à semelhança das multas da EMEL, discussões de trânsito e ginásios ao fim do dia, são os métodos, actualmente, mais eficazes de catárse nacional.

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A.N, 14.01.09

 

 

Uma amiga "acusou-me", passo a expressão, de ser das poucas pessoas com que fala que não desperdiça o tempo de partilha a falar de X, Y e Z e daquilo que todos eles fizeram a A que por sua vez anda com B.

O elogio reconfortou-me a alma e mais do que isso o intelecto. Afinal desta mente saem ideias consistentes, problemas sérios e tópicos conscienciosos.

Outra possível explicação para este inesperado milagre pode ser apenas o isolamento social e intelectual em que vivo no Tarrafal  que aos pontos me vai usurpando a capacidade de entreter um convivio com piadas jocosas e mexericos viperinos.

 

Elogio ou motivo de preocupação, é irrelevante. Afinal, lá diz o povo que os cães ladram e CARAVANA* passa.

 

 

 

Quotidiano

A.N, 14.01.09

Um advogado enfrenta, diariamente, inúmero desafios, sendo que na maior parte dos casos, estes consistem em perguntas: perguntas variadas de uma panóplia infindável de temas; perguntas menos fáceis; perguntas incómodas; perguntas de estratégia, perguntas interesseiras, perguntas interessadas, perguntas descabidas e oportunas, mas sempre ou quase sempre, perguntas para as quais não existem respostas directas, fáceis, peremptórias.

Paradoxalmente,  um advogado, aos olhos dos leigos das matérias legais (que por sua vez e exactamente devido à sua ignorância jurídica e capacidade de julgamentos velozes, acreditam piamente pertencer uma classe moral e eticamente superior), é uma  pessoa que deve ser encarada com desconfiança, com algum distanciamento e desconforto, como aliás se encarados os profissionais daquelas áreas com quem se contacta não por prazer ou curiosidade, mas devido a necessidades dolorosas que não deixam margem para outra opção.

Assim, por uma questão de silogismo lógico, se um advogado enfrenta milhentas perguntas por dia; se ninguém acredita no que ele diz; se os restantes cidadãos nobres que se dedicam a ciências exactas, em acréscimo às funções honrosas que desempenham, pertencem a um nível superior de moralidade, inevitavelmente concluimos que só escolhe ser advogado quem sofre de severas perturbações mentais, gosta de ser colocado em causa e olhado com desconfiança.

 

 

 

Golden Globe Awards

A.N, 12.01.09

Mais do que os prémios, reconhecimentos e bajulações, eventos como os Globos de Ouro (os originais, leia-se!) ou os Óscares são fontes de incomensurável prazer de comentários viperinos, de análises póstumas dos trajes envergados, de criticas invejosas a cabelos sedosos e peles imaculadas.

O pouco prático fuso horário e à existência de obrigações matutinas obriga a que tenhamos que prescindir de assistir, em directo, à cerimónia, mas nada se perde, pois a festa só começa no dia seguinte, com os comentários suculentos do day after.

Na sequência de votações exaustivas e análises profundas, é com algum pesar que nego o prémio da falta de classe a J. LO (que a julgar pelo vestido e ausência de embaraços parece acreditar que as sensuais "love handles" devem localizar-se na base da coluna e não no estômago) e que nego o prémio casal aos Brangelinos (afinal, tanto beijo sexy em público só vem comprovar a existência de uma vida sexualmente pouco activa em casa, dada a co-existência  com seis crianças de idades inferiores a dez anos):o prémio deste ano vai para todos estes!

Para todos os maravilhosos actores, brilhantes produtores, sofisticados guionistas, mentes de pena leva e possuidores de cameras ligeira que nos preenchem as noites de insónia, os finais de dia esgotantes, as tardes de chuva ou pura e simplesmente o imaginário.

Da parte de uma fã incondicional da melhor ficção que a televisão americana tem para oferecer, aqui fica um grande bem-haja para todos vós!

 

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A.N, 01.01.09

Começar o ano com absolutamente nenhuma resolução parece-me não só preocupante, como flagrantemente revelador da apatia intelectual em que se cai, quase que intencionalmente, quando as questões são demasiado cruciais para lhes atrevermos a dar uma resposta.

Dizer-se que a partir de hoje se inicia um novo ciclo parece-me demasiado optimista, porque no fundo próximo o estado das coisas permanecerá inalterado.

Assim, concluir-se-á, uma vez mais, que as ocasiões que marcam viragens não são necessariamente aquelas que se encontram sublinhadas no calendário, mas sim as pequenas decisões que tomamos diariamente com a leveza dos inconscientes.

 

Não obstante, o ano novo continuará a ser sempre uma fantástica desculpa para uns tantos merecidos excessos.