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O mundo da Ch@p@

Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência

A.N, 14.12.09

 

 

Era uma vez um grupo de senhores que à semelhança do que outrora estranharam nos seus pais, perto dos trinta descobriram que várias garrafas de gin, uma playlist cuidadosamente elaborada e uma sala com uma área simpática, são suficientes para garantir uma noite de entretenimento genuíno, propícia a momentos de humilhação pura entre pessoas que não podem deixar de se sentir à vontade umas com as outras.

 

Esse grupo de senhores sentia-se jovem, naquele sábado à noite em que lhes foi permitido esquecer a velhice precoce da semana acabada.

No decorrer do serão, porém, estes foram interrompidos por um grupo de recém-adolescentes que sem pudores se apoderaram do álcool, do ipod e dos cigarros da festa, chocando aqueles com o dobro da sua idade ao se dedicarem a fumaças ilícitas na cozinha.


Se, por instantes, qualquer eventual instinto maternal tenha inevitavelmente desaparecido- há que convir que ver recentes crianças em poses e gestos de adulto inconsequente pode ser perturbador e traumatizante - o mesmo foi facilmente recuperado. Não há que temer educar pessoas, há que apenas aprender novas formas de contornar a educação que nos foi dada.

 

O senhor da festa não castigou a adolescente pelos actos desmedidos das suas amigas. O senhor da festa ameaçou-a de contar à mãe o sucedido, caso a casa não fosse limpa.

 

Não obstante a sujidade ter sido causada pelos outros senhores, o dia amanheceu com uma casa luzidia, sem vestígios de cinza ou lama e o senhor, na tranquilidade dos seus trintas anos, pode finalmente passar um Domingo descansado.


 

...

A.N, 06.12.09

 

Uma amiga minha namora com um estrangeiro.

Eu, mais arrojada e adiantada neste tema, casei-me com um.

O meu irmão namora com uma chinesa que apesar de ter passado quase a vida toda em Portugal, continua a não ser uma de nós.

 

Perplexos perante este verdadeiro melting pot, perguntam-nos o que temos contra os produtos nacionais. Os mais cépticos, porém, atribuem os enlaces à atracção pelo desconhecido, crentes que no final do dia todos nos entendemos melhor com alguém que partilha a nossa zona de conforto.

 

No caminho para casa é impossível não deixar de sorrir perante a perplexa revelação que a globalização, sem prejuízo das grandes cadeias e marcas, da internet e do encurtamento das distâncias, em Portugal , para muitas pessoas, continua a ser uma realidade distante.

Julie and Julia

A.N, 06.12.09

 

 

 

 

 

Imaginar uma vida sem o prazer de comer, parece-me quase tão incompreensível como a hipótese de alguém, conscientemente, optar por ser infeliz.

Uma coisa é  comermos para viver e nessa perspectiva, a qualidade, o tempo e a dedicação que dedicamos à confecção das refeições pode ser secundária.

Para aqueles, porém, que vivem para comer, a cozinha e a quimica alimentar tornam-se, em muitos casos, uma paixão que como todos os grandes amores não caminha sózinha e exige tempo, estudo, paciência e muita dedicação.

 

Um exemplo flagrante do atrás referido é a história que nos traz Julie and Julia , um filme sobre o qual apenas por atraso, desleixe e cansaço ainda não foi aqui comentado.

A história é simples, como não o poderia deixar de ser, na medida em que é inspirada em factos verídicos.

O enredo é leve, divertido e mais do que isso violentamente tentador e apelativo aos sentidos.

Quem não conseguiu sentir o sabor e aroma da pequena cozinha de Queens que atire a primeira pedra ou o livro de receitas da saudosa Maria de Lurdes Modesto, honrosamente guardado na estante dos meus pais.

 

Não sendo um grande filme, ameaça levar Meryl Streep ao Óscar, pela sua indefectível interpretação de Julia Child, ao mesmo tempo que me conduz a uma busca  online de cursos de culinária, não fora eu enquadrar-me na perfeição no grupo de pessoas para quem um dos maiores prazeres do mundo, sucede a um sonoro e bem pronunciado bon appetit!