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O mundo da Ch@p@

Hora do lobo

A.N, 10.02.08

"Não sei porque raio não consigo detestar-te. Não consigo culpar-te por tudo o que de mal me fizeste, não consigo racionalizar-te e distanciar-me da imagem que  julguei possuíres, não consigo reconhecer-te defeitos, mas apenas virtudes.
Confesso, aliás, que recorro a estas para justificar a minha escolha, como se o teu carácter único fizesse apagar o fracasso do nosso "nós" e justificasse a minha eterna esperança.
Cheguei, contudo, ao ponto de saber identificar as imperfeições da nossa relação, de ganhar coragem para afirmar que não tivemos uma relação, mas várias, plenas de tentativas, desilusões e frustrações.
Um romance de fazer correr tinta, uma história doentia e perversa que só assim é digna de ser contada. Afinal, sejamos francos, já ninguém quer ouvir contos de fadas, nem acredita em finais felizes.
Agora apercebo-me que a adrenalina que despertavas em mim e que eu, inocentemente, confundia com paixão, mais não era do que uma ilusão, uma febre irresistível e viciante que julguei ser o paradigma para quaisquer outras relações amorosas e com a qual aprendi a conviver, atravessando os momentos menos bons com a vontade obstinada de que assim o viveriam todos.
Sei agora que  errei e que na definição de "gostar" não devem constar expressões como luta, angústia ou desconfiança.
Ainda assim, não me consigo libertar.
Se de ti ou do personagem que escrevi para ti, não sei, mas reconheço que para a cura muito há que caminhar.
És a pedra que não quis afastar do caminho e que escolhi guardar no bolso, pois por agora agora prefiro que me acompanhes, sabendo que não  me é permitido abandonar-te.
Quem sabe, um dia, o teu peso se torne incomportável e te deixe descansar à beira da estrada.
Quem sabe, um dia, já não sejas sequer um peso."

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