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O mundo da Ch@p@

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A.N, 19.01.11

 

Não me assusta que multidões saudosistas votem em Cavaco Silva nestas eleições presidenciais. Não me choca que pessoas pouco instruídas e ausentes do panorama político nacional compactuem com os discursos de apelo ao apoio da mulher ao seu marido, com frases esquivas e atabalhoadas, com discursos redondos e pateticamente pouco fluídos.

Confesso que até compreendo que a demagoga afirmação (ou seria confissão?) de que Cavaco vem do povo o aproxime, realmente, das gentes humildes que sob o disfarce da desculpa da ausência de opção, decidam votar nele. Como diz o mesmo povo humilde do país do meu marido: "Mas vale malo por conocido que bueno por conocer".

 

Mas que votem em Cavaco Silva pessoas medianamente esclarecidas, inteligentes, exigentes e com memória de um passado próximo, parece-me preocupante.

Com ou sem BPN, Cavaco pretende comer uma fatia e ficar com o bolo todo. Estar na política e fingir-se um terceiro alheio; imiscuir-se em assuntos menores tornando-os alegoricamente sérios; dar milho aos tolos enquanto se comporta como um agente novo no meio, como alguém que nunca esteve na política e pior, como alguém sem qualquer nível de responsabilidade perante a crise económica e financeira em que nos encontramos estagnados.

 

Alguém que um dia desempenhou as funções que Cavaco acumula no curriculum tem a obrigação - se não moral, pelo menos cívica - de assumir uma postura mais franca e não fingir uma posição mais fraca.

Alguém com a responsabilidade do curriculum de Cavaco não pode optar por declarações medíocres, nem pode fingir que a censura social e o julgamento público não o afecta, nem justificam tomadas de posição directas.

 

Um político como Cavaco não deve corresponder ao perfil de político que Portugal carece de exportar, nem deve corresponder ao perfil de Presidente com o qual um cidadão esclarecido se deve conformar.

 

Um Presidente com as características de Cavaco Silva, num país onde desafortunamente já temos José Sócrates, é triste.

E facto de se votar nele, considerando essa opção um mal menor, não pode deixar de merecer censura e de nos preocupar pelo futuro desta quase absurda democracia.

 

 

 

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