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O mundo da Ch@p@

A cabala e o rei

A.N, 20.03.07

A manipulação das massas foi sempre um fenómeno que me cativou devido ao seu carácter irracional e inexplicável .

A posteriori, oferecem-se possíveis explicações ( plausíveis ou nem tanto), justificam-se comportamentos e encadeiam-se os acontecimentos, cronologicamente, por forma a criar nexos de causalidade, especificamente fabricados para o efeito.

Sem necessidade de recorrer a tantos artifícios, encabeça a lista dos fenómenos massificados o desporto rei: o futebol.

Como explicar o seu sucesso ? Como explicar o entusiasmo e a dedicação dos seus amantes?

Como justificar desesperos, descontrolos emocionais e celebrações eufóricas se, todos sabemos que no dia que sucede a vitória/derrota, tudo estará, essencialmente, na mesma? ( Ressalva-se, obviamente, o dia que sucede à consagração do Benfica como vencedor do campeonato, em que o panorama fiscal altera-se com uma subida, necessária (segundo o Governo) e conscientemente ignorada ( pelo povo) que está demasiado ocupado no rescaldo das celebrações.)

Por alturas das competições mundiais toleram-se atrasos, leituras de jornais desportivos durante o horário de trabalho, criam-se salas de convívio para assistir aos encontros.

O futebol joga, pois, com os sentimentos dos seus fãs, com as emoções dos que por ele se contagiam e transmitem aos restantes. O tudo ou nada dos noventa minutos, os olhares vidrados em frente à televisão, o rádio colado ao ouvido e as unhas roídas, o Record a acompanhar a bica e que dá o mote para as conversas matutinas.

Este é o cenário que temos. O cenário que é visível, o cenário a que o sócio comum tem acesso.

Porém, por detrás deste existem outros tantos que, desde sempre, vêm denegrindo a imagem que o desporto rei deveria manter.

No entanto, a questão é, será que algum dia este foi isento?

A emoção dos domingos à tarde é utilizada nas contratações, nos salários milionários dos empresários desportivos, nas manchetes enganosas que fazem subir as paradas.

As quotas anuais pagam jantares, Carolinas e favores e confesso que nada me espantaria que os campeonatos fossem pré-acordados, ajustados à lei da oferta e da procura.

Actualmente, a justiça civil ameaça, pela primeira vez, os intocáveis do esférico, mas , paradoxalmente, a justiça da Liga remete-se ao silêncio, como se de um terceiro independente se tratasse.

Clamam-se por julgamentos emitidos em directo e por veredictos ditados pelo povo.

Por detrás estamos nós, progressivamente descrentes e desapontados.

Manipulados, conformamo-nos e deixamos a quem de direito decidir ( ou não.)

O importante, claro está, é ser o nosso clube a ganhar.

Por mérito ou não, pouco releva. Para história ficam os que ganham e o segundo lugar é o primeiro dos últimos.</span>

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