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O mundo da Ch@p@

A corrida mais louca do mundo

A.N, 17.11.04
Parece-me que ultimamente o tempo não dá tréguas...passa a correr e não abranda ritmo perante nada nem ninguém.

Momentos encadeados a uma velocidade vertiginosa, relações, sentimentos e pensamentos que não se sedimentam... e tudo graças a ele.

O tempo não deixa e nós não nos podemos dar ao luxo de o perder.

O que desejamos temos que obter no momento, tem que se ser já, porque se o for já depois já não é igual.

Entretanto, todos os dias repetimos as rotinas e esquecemos os porquês.

Uma existência atormentada por uma pressa inexplicável...e no entanto corremos sem saber para onde, sem saber para quem, sem explicar porquê.

Corremos pelo carro que não temos, pela casa que queremos comprar, para a pessoa que julgamos amar, para o cinema que não podemos perder, para os filhos que temos que cuidar, para aqueles a quem tentamos agradar.

Tudo cronometrado , mas no fim não se batem recordes.

E no fim não conseguimos parar e só nós próprios acabamos em último lugar.

Ás vezes temos o privilégio de ter a companhia de alguém...alguém que, ao contrário de muitos outros não nos abandonou, que nos encontros e desencontros da vida não perdeu o significado, que indubitavelmente é uma prioridade e não apenas uma nota ao lado de um horário da agenda.

Em relação a tudo o mais, o tempo exerceo seu efeito corrosivo: deixamos de viver, deixando a vida passar através de nós.

Sentamo-nos então, atormentados, acelerados, exaustos e sedentos por algo que não conseguimos explicar.

O cansaço toma conta dos corpos e subitamente, deixamos de fazer as coisas bastando-nos apenas falar delas e do tempo em que ainda as fazíamos.





“TODOS OS DIAS É UM VAI E VEM

A VIDA SE REPETE NA ESTAÇÃO

TEM GENTE QUE CHEGA PRA FICAR

TEM GENTE QUE VAI PRA NUNCA MAIS

TEM GENTE QUE VEM E QUER VOLTAR

TEM GENTE QUE VAI E QUER FICAR

TEM GENTE QUE VEIO SÓ OLHAR

TEM GENTE A SORRIR E A CHORAR

E ASSIM CHEGAR E PARTIR

SÃO SO DOIS LADOS DA MESMA VIAGEM”





Maria Rita, "Encontros e Despedidas"

As saudades que não sinto

A.N, 14.11.04

Algo de muito estranho se deve passar comigo por não sentir saudades da faculdade.

A sério que não !

Trabalho mesmo ali ao lado do belo campus de Campolide, onde supostamente durante 5 anos vivi os melhores momentos da minha vida.

No entanto, cada vez que vislumbro a fantástica reitoria da Nova não sinto qualquer tipo de nostalgia.

Apenas recordo com alguma mágoa o que a construção daquela obra-prima da arquitectura provocou na minha vida estudantil: caos, desorganização, entrar nas aulas e em casa com os pés totalmente enlameados e as discussões sistemáticas com os seguranças que não me deixavam estacionar na faculdade:

- Bom dia, eu vou só buscar um certificado. Posso entrar?

- Então e o selo?

- Ah , é que eu acabei o curso a semana passada e venho só recolher o certificado das notas. Não pedi o selo para este semestre porque graças a Deus já não vou estar cá.”

- Pois...mas temos ordens expressas da Reitoria para só deixar entrar quem tem selo.

- Mas eu só me demoro 5 minutos. Mesmo! Além disso a secretaria está mesmo mesmo a fechar. Deixe-me lá entrar.

- Peço desculpa menina, mas ordens são ordens. Só pode estacionar quem tem selo.

- Mas eu já acabei o curso! Venho apenas buscar o certificado.

- É preciso o selo, já lhe disse.

Com menos conversa e já tinham passado 5 minutos.

Em suma, lá fui eu estacionar o carro no parque de terra batida, ao fundo da rampa da cabra Joana e no meio de carros abandonados já meio desmontados.

Subi a rampa a correr, cheguei à secretaria dois minutos antes da hora de encerramento, agarrei na certidão e lá fui esbaforida até ao carro com os nervos á flor da pele.

Outra situação muito agradável era o famoso DIA DA FACULDADE, quando nos proibiam de estacionar ás oito da manhã dentro do recinto do campus, porque ás oito da noite iria decorrer uma cerimónia .

Não fosse o Diabo tecê-las, o melhor era prevenir e guardar lugares para os convidados de honra. Que se lixem os estudantes.

Esta falta de ginástica mental deu-me cabo dos nervos!

Mas melhor do que isto só mesmo a feira de vaidades aquando da colocação dos resultados dos exames finais.

Sempre adorei aqueles que se insurgiam violentamente quando tinham 5.( note-se que a nota máxima na Faculdade de Direito da Nova é 6)

Transcendeu-me sempre a adulação servil de alguns alunos face a professores que nunca passaram disso mesmo.

Salvo honrosas excepções , um grande número deles são seres desfasados da vida real e das necessidades básicas com que passámos confrontados este último mês de Setembro quando começamos a trabalhar.

Seres estes que incutiram em alguns uma segurança e certeza que hoje se manifesta em arrogância e numa tremenda falta de humildade.

Mas quem me houve falar assim ( ou melhor, quem lê o que escrevo) vai pensar que aquilo foi um horror, quando na realidade esteve bem longe disso.

Simplesmente não foi marcante...

Nem para o bem, nem para o mal.

Foram cinco anos que passaram e que bem se passaram eles.

Se foram os melhores ou não só o tempo o dirá.

Mas não sinto saudades...saudades sinto de algo que perdi e, no que concerne a faculdade, como posso ter perdido algo se na realidade nunca ali senti qualquer sentimento de pertença?


Projectos e afins...

A.N, 13.11.04

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Para que nunca se possa dizer que estas ideias não existiram, que tal nunca foi por mim pensado e que as mesmas nunca foram objecto de desejo, cá vai uma lista de coisas que um dia gostaria de fazer:


1) viajar de Buenos Aires para Santiago do Chile, descer á Patagónia e Terra do Fogo e subir tudo até ao Perú

2) criar alicerces para um dia poder ir viver para Barcelona

3) fazer uma pós-graduação em História (também não me desagradava a ideia de ser uma pós-graduação em “estórias” !)

4) escrever para a Blue Travel

5) ter uma livraria-café

6) inscrever o Bush no Centro Helen Keller


A questão que ora se coloca, é saber se algum dia estes projectos passarão de o ser??!

Cairo 1929 - Paris 2004

A.N, 13.11.04


É estranho ver desaparecer um ícone do nosso século.

A morte de Yasser Arafat deixou-me perplexa.

Não apenas devido a toda a “fantochada” que rodeou esse facto, as contradições e a falta de clareza relativamente às causas da sua morte, mas principalmente porque desapareceu para sempre uma imagem que pertenceu ao meu imaginário desde os tempos que a minha memória me permite alcançar.

Note-se que é incrível o reconhecimento global que Arafat teve, especialmente tendo em conta o seu passado terrorista.

Especialmente nos dias de hoje, que o terrorismo é um dos grandes , senão o maior, flagelo da humanidade.

Mas não é por isso que ele será recordado...

Aliás, as suas conexões terroristas quase que caem no olvido, ficando para sempre na memória a imagem de um homem que aceitou a paz, se predispôs a negociar e liderou com inteligência e bom senso.

Um homem que deu a conhecer ao mundo a causa palestiniana, que lutou por ideais, por uma causa em que verdadeiramente acreditava e que como ninguém espelhava o seu povo, as suas aspirações e as suas dores.

Um exemplo de que afinal ainda há líderes que representam a vontade do seu povo e não apenas dos lobbys que o colocaram no poder.


Kofi Annan: “For nearly four decades, he expressed and symbolized in his person the national aspirations of the Palestinian people".

As eternas questões do meu quotidiano...

A.N, 10.11.04
1) Porque é que quando o metro está a abarrotar há sempre umas pessoas simpáticas que encostam ao corrimão central e não deixam que os demais se agarrem durante a viagem?

2) Porque é que os funcionários públicos só complicam e estão sempre de mau humor se ás 16.30 terminam o dia de trabalho ao contrário do resto da população?

3) Porque é que as mulheres dizem sim quando querem dizer não?

4) Porque é que os homens , quando são ultrapassados na estrada, reagem como se a sua própria virilidade estivesse a ser posta em causa?

5) Porque é que é suposto toda a gente gostar de Kafka?

6) Porque é que quase nunca uma mulher cómica é simultaneamente sexy?

7) Porque é que o Euromilhões foi ganho por um espanhol e não por mim?

8) Porque é que a partir dos 40 anos a palavra “complicado” se torna o vocábulo mais utilizados no nosso vocabulário?

9) Porque é que a típica mulher portuguesa subitamente é loira e permanentemente bronzeada?




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Boa Hora

A.N, 10.11.04

Estavam todos sentados na primeira fila, observando ansiosamente os gestos mecânicos da juíza.

Para ela tratava-se de mais um dia...mais um igual a tantos outros.

Para eles , naquele dia, àquela hora, naquela sala, ditavam-se os seus futuros.

A juíza não se deixa comover... Esta cena repete-se inúmeras vezes ao longo do ano. Ás vezes até mais do que uma vez por dia.

Ela não via rostos, percursos de vida, historiais ou sequer os familiares e amigos que se amontoavam nos últimos bancos da sala.

No entanto são estes últimos que constituem a visão perturbadora.

Através da respiração ofegante e descontrolada denunciavam o nervosismo crescente.

Muitos tinham os dedos cruzados em gestos de oração.

Muitos comentavam com desdém e rancor aos comentários proferidos pelo advogados enquanto interrogavam os arguidos.

Mas todos eles sofriam, ainda que uns mais em silêncio que outros.

Não são dossiers...não são números, siglas, pessoas colectivas nem meras parcelas de uma estatística.

São pessoas como nós, como eu e como tu, numa situação onde qualquer um de nós pode um dia vir a estar.

No último banco estão pessoas fragilizadas, assustadas e em choque.

E para estes , naquele momento, o menos importante é saber se os do primeiro banco são inocentes ou não...


Huis clos

A.N, 09.11.04

Jean Paul Sartre


Tous ces regards qui me mangent...Ha! Vous n´êtes que deux?Je vou croyais beaucoup plus nombreuses. Alors...c´est ça l´enfer. Je n´aurais jamais cru... Vous vous rappelez: le soufre, le bûcher, le gril...Ah!quelle plaisanterie. Pas besoin de gril: l´enfer c´est les Autres.

Um obrigada do tamanho do mundo!

A.N, 08.11.04
Não consigo expressar muito bem o que sinto quando me escrevem a elogiar o blog.
Para quem ,como eu, quer viver das palavras, é um absurdo que de repente elas faltem ou me pareçam insuficientes para demonstrar aquilo que me vai na alma.
Resumidamente e de um modo simples ( como aliás já é hábito deste blog), agradeço a todos aqueles que vêm deixando os seus comentários, àqueles que me motivaram quando pensei em abandonar o projecto e àqueles que diáriamente perdem meia hora de trabalho a ler aquilo que apressadamente escrevo quase sobre o joelho ( sabe que nem ginjas não começar logo a trabalhar, não é?).
Fico mesmo muito contente por gostarem de visitar o meu mundo!



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Gato Fedorento ao Vivo

A.N, 07.11.04
Completamente caídos do céu ( ou melhor de um anjo chamado Joana...obrigada!), dois bilhetes para o espectáculo do Gato Fedorento ao Vivo ,vieram parar às minhas mãos ontem à noite.

Admito que sou bastante desconhecedora do programa de televisão, mas o blog é de facto de "partir o coco a rir".

Sem expectativas, sem conhecer 80% das piadas e de uma forma totalmente inesperada, dirigi-me ao Tivoli, onde sou surpreendida por uma multidão jovem e totalmente frenética para entrar na sala e assistir àqueles 4.

Foi assustador constatar que a maioria das pessoas ali presentes sabia de cor as piadas e eu não fazia a mais mínima ideia!

O meu irmão é fanático pelo Gato Fedorento e até me senti mal por ir eu e não ele.

Mas quaisquer dúvidas, cepticismos ou renitências ficaram em casa a partir do momento em que o espectáculo deu início.

Foram duas horas de genuinas gargalhadas, de um humor inteligente e apurado, de palhaçadas sem nexo e actores com um à vontade surpreendente, com textos bem escritos e de verdadeiro talento.

Adorei!

Pena que ontem foi o ultimo dia...mas não faz mal, na Tv há mais!




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