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O mundo da Ch@p@

The Academy

A.N, 28.02.05



Dez minutos para o início da cerimónia do Kodak Theatre.
Glamour, magia, brilhos dos vestidos, dos olhos, dos cabelos, das luzes na passadeira encarnada, onde desfilam os convidados para a festa de Hollywood.
Festa de Hollywood essa, que como qualquer outra tradição norte-americana, foi exportada e hoje será vivida por uma grande parte da população cinéfila mundial que firmemente se mantém desperta a lutar contra os fusos horários.
Esta é provavelmente a única altura do ano em que lamento não ser americana e em que reconheço algum valor nos feitos daquele povo.
Obviamente que estou a generalizar e provavelmente a exagerar.
Tomem-no como um desabafo se preferirem e espero não estar a ferir susceptibilidades, mas na minha opinião, a indústria cinematográfica foi provavelmente a única dação de valor com que os US nos últimos tempos.
Pensar que passei a minha infância ao sabor de visualizações sistemáticas do “E tudo o vento levou”, pensar nas lágrimas do grito da liberdade do Mel Gibson no “Braveheart” ou das gargalhadas que continuo a repetir ao ver o Shrek.
Sem dúvida que tenho uma dívida para com Hollywood e esta para com o Scorsese. A ver se é desta que leva a estátua para casa!
A manta está pronta e a televisão sintonizada na TVI.
Vamos lá ver se este ano consigo ver para além da entrega dos prémios do Melhor Guarda -Roupa e dos melhores Efeitos Especiais!
Posted by Hello

Oh tempo, volta pra trás...

A.N, 24.02.05
Estou oficialmente adormecida para a vida.
Desliguem a máquina que eu não me importo.
Isto não é vida para ninguém. Conto prazos, suspendo-os em férias, acrescento dilações, mas conto-os com olhos de lince, todos seguidos, escapando-me a milhentas ratoeiras.
Subitamente, a vida reduzida a datas peremptórias que supostamente são a “morte do artista” ou, no caso presente, a “morte do advogado.”
Se os prazos são assim tão importantes ( a alma da profissão diga-se), porque raio não é o tribunal a marcá.-los?
Gente complicada estes doutores das leis! Eu bem sabia que devia ter estudado Artes!
Horas do Diabo meus amigos...horas do Diabo...

"Tree of Life" - A apresentação

A.N, 23.02.05
"Este é um trabalho que fala essencialmente de Magia e de Natureza e das suas relações com o Homem. Cada música tem uma história e vive por si, mas existe também um outro fio condutor que as liga entre elas. É sobre um homem que pretende parar e que, sofrendo uma metamoforse, transforma-se em Árvore da Vida (...) "Tree of Life" é o primeiro disco de uma trilogia sobre a vida."

Assim me foi apresentado o projecto de José Castro, Tree of Life.

Ao principio estava espectante mas, de certa forma, um pouco céptica.

Fatalistas e sofredores de um tremendo complexo de inferioridade, nós portugueses acabamos por não esperar muito uns dos outros e não depositamos fé na nossa produção cultural.

Talvez até tenha sido melhor assim, porque a surpresa foi muito maior e faz-me estar aqui a estas horas a partilhar a minha noite de hoje.

Ritmos variados, melodias que nos fazem visualizar diferentes paisagens e ambientes, um projecto arejado e inovador, sem ser pretensioso, complexo ou incaracterizável.

Muitos são os adjectivos a que podemos recorrer para demonstrarmos que alguma coisa nos gostou. Mas , como já anteriormente afirmado, há imagens que valem mil palavras. O que dizer-se então da música, que continua a ser a linguagem universal por excelência e um dos principais veículos de comunicação entre os povos?

Resta-me a satisfação de poder dizer que finalmente encontro um projecto musical em que acredito, cuja falta se fazia sentir há muito no panorama musical português.

No Cd toca agora a faixa dois "Summer Blue Summer Dress"...

E subitamente o tom alaranjado do pôr-do-sol da Costa Vicentina traz-me à memória alguns dos melhores momentos da minha vida.

Para os mais curiosos, "Tree of Life" (José Castro) estará à venda a partir de amanhã na Fnac.

Um projecto de vida

A.N, 22.02.05



Naquela noite tocaram piano a quatro mãos , soltando gargalhadas genuínas, mas despropositadas e ruidosas.
Sentiam-se felizes e esta era mais uma oportunidade para o demonstrarem ao mundo.
Não que sentissem uma necessidade absoluta de partilhar o que estavam a viver.
Afinal, isso já todos sabiam há anos. Provavelmente até antes deles próprios.
Ele reclinou-se sobre o ombro dela e pensou que era incrível continuarem a rir-se juntos.
Naquela noite, à partida igual a inúmeras outras, a alegria era tanta que por mais que tentassem ser discretos, a luminosidade dos seus rostos sorridentes, não lhes permitia passar despercebidos.
Circundados por um universo multicolor, onde abundam vestígios de uma longínqua infância , alimentam-se de sonhos infantis e promessas ingénuas, que outrora julgavam ter rejeitado.
Sentiam que tinham regressado no tempo, ao estado puro das coisas e dos sentimentos, mas com a tranquilidade que o passar dos anos lhes trouxera.
E, contrariamente ao primeiro amor adolescente , agora eram capazes de saboreá-lo em todo o seu esplendor, com gestos lânguidos e serenos a que a maturidade os acostumara.
Tinham passado trinta e cinco anos e o piano permanecia indefectível , sem dar mostras de cansaço ou desafinações.
Ela sorriu ternamente e acariciou-lhe a frente enrugada.
Os olhos dele, não obstante o passar dos anos e as partidas que a vida lhe pregou, permaneciam vivos e perspicazes. Mas mais do que isso, continuavam a olhá-la com a imensa admiração de sempre.
Naquele instante os pequenos rancores foram esquecidos, as mágoas quotidianas deram lugar aos afectos, a um abraço longo de uma imensa gratidão.
Tinham-se um ao outro e só isso bastava.


Posted by Hello

Ba Boom!

A.N, 21.02.05


"Camaradas...Amigos...Conseguimos!" Posted by Hello

Resta-me saber o quê...
Mas isso só o tempo o dirá, tal como atribuirá significado às frases de conteúdo enigmático ( ou de conteúdo nulo se preferirem) do Sr. Engenheiro: " Assumimos este mandato com humildade e com um forte sentido de responsabilidade!".
Isto , trocado por míudos, quer dizer o quê?
Deixando de lado os meus cepticismos face a esta mudança governativa, uma coisa já me está a atormentar: uma vez derrotado o Santana, ele pode retomar as funções como presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Não creio que o fará, mas só a perspectiva já me deixa aterrorizada! Nem quero imaginar a construção de mais um túnel em Lisboa...
Para buracos, já me chega aquele em que a direita portuguesa se afundou com os resultados destas eleições legislativas.

Salvador da Bahia - Abril 2004

A.N, 18.02.05


O Brasil que eu conheci não deixou saudades. Cheirava a plástico, a lixo mal acomodado, a pintura fresca incapaz de disfarçar os traços escuros da pobreza.
Clamava por ajuda nos olhares e roupas rasgadas das crianças que nos tentavam vender pulseiras, que nos olhavam de soslaio quando proferíamos o não, que passavam o dia empoleiradas em buggys de desconhecidos a quem mostravam caminhos secundários para praias que já não as impressionam, mas fazem as delícias dos visitantes.
Procurei alma naquele país onde supostamente deveria sentir-me em casa, mas ao invés não me descolei do papel de forasteira e não me identifiquei com aquele meio.
Salvador da Bahia foi a grande surpresa, onde saí de um mundo artificial que tinham preparado para me receber e entrei finalmente na dinâmica de uma cidade brasileira.
Um cidade com vida, com cor, com cheiros, com história e com alma.
Não aquela do Pelourinho que é vendida em qualquer agência, mas aquela que encontramos nos edifícios que eles não cuidaram e em breve desaparecerão, encerrando neles séculos de história e mistérios.
Ou aquela alma pulsante, emanada dos corpos sensuais e quentes, que enchiam a zona histórica à noite, nas comemorações da semana santa.
Senti medo e desconfiança, mas senti-me viva, senti-me realmente lá e ainda que sem abandonar o meu estatuto de turista, por instantes olhei Salvador sob a perspectiva do viajante.
Hoje apeteceu-me recordar Salvador.
Talvez embalada pelas palavras de Rita ou simplesmente porque sim, porque hoje me pareceu uma boa noite para blogar sobre tudo e sobre nada, para fazer jeito aos dedos que já sentiam a falta do contacto com o teclado.

Posted by Hello

Santa Rafaela, 16 de Fevereiro de 2005 - Rita la otra

A.N, 18.02.05



Santa Rafaela, 16 de Fevereiro de 2005


A PARTE ALEGRE DO TODO.
Porque graças a Deus, o que aqui vivemos não se resume apenas a experiências de dor e de sofrimento.
Porque é impossível de calcular quanto é que é a parte alegre do todo.
Tristeza e alegria, dor e sofrimento são sentimentos que se cruzam, tornando-se inter-dependentes. Como em tudo, um não existe sem o outro. E se é justo e correcto falar aqui de pessoas e vidas mais duras cujas estórias não podem nem devem ser esquecidas, é obrigatório referir aquelas pequenas coisas que fazem dos nossos dias momentos únicos e inesquecíveis. Coisas que não nos lembramos de contar quando falamos com Portugal. Mas coisas Importantes.
Coisas que vamos querer Lembrar quando Voltarmos.
Sons, barulhos e sensações a que já nos acostumámos.
A sensação de estarmos a viver um Presente que não conseguimos agarrar. Um Presente com um doce sabor a passado, de tão rápido que corre, e nos passa por entre as mãos.


Coisas Que Quero Lembrar Quando Um Dia Voltar.

O calor quente e abafado que segue obedientemente a chuva.
A lama que se prende nas nossas sandálias, impedindo-nos de andar, e fazendo com que soltemos gargalhadas de tão absurda que é a situação.
O adormecer ao som do vento. Ao som de grilos e de insectos que não conseguimos identificar.
O acordarmos devagarinho ao som da chuva por cima das telhas da casa
O acordar ao som dos galos que parecem jogar divertidos a ver quem cocorreia mais longe.
Os gansos, porcos, cavalos e vacas que andam nas ruas como se fossem reis e senhores. Gansos mansos que não mordem.
Porcos pequenos que não crescem.
Cavalos soltos no meio da noite, porque não têm onde ficar.
Vacas que quase nos atropelam.
O sol ardente que queima os pés, e a Zezinha a cantar “Te-le-pa-ti-aaaaaa nã nã nã nã Pa-ti-fa-ri-aaaaaa”.
A sesta, doce sesta que segue aquele almoço de feijão tropeiro, cheio de torresmos como o Jorge tanto gosta.
O pedirmos Em Brasileiro “um copo de água de suco de manga”.
O falar despreocupadamente a toda a gente que se cruza comigo.
E sentir orgulho quando oiço “Oi portuga!”.
E ainda mais orgulho quando é “Oi Rita!”.
Os desenhos animados quando visitamos alguma casa com crianças, e ver no Jorge um menino ávido de mundos imaginários, de olhos muito abertos, a olhar atentamente a pequena caixa cinzenta
Posted by Hello

He who forgets will be there still to remember

A.N, 18.02.05
Pela primeira vez na vida, fiz as malas com antecedência.
Elas jazem agora no chão do meu quarto e eu contemplo-as com desprezo.
É triste fazer as malas e não ir viajar...a menos que se considere que cabe no âmbito da definição de viagem ir até um anfiteatro da Faculdade de Direito de Lisboa, para me perder nos meandros da deontologia profissional!
E eu que pensava que não havia más viagens...
Oh, doce ingenuidade a minha em Junho do ano passado, quando me despedi com alguma nostalgia das épocas de exame, convicta que nunca mais iria passar por essa experiência.
Obrigada Ordem dos Advogados por este privilégio de poder voltar a ser estudante e sentir a barriga às voltas.



Ao fundo, ouve-se a voz do Eddie Vedder em jeito de premonição : “He who forgets, will be there still to remember!”

Mudar de Mundo

A.N, 18.02.05
Näo é pelo mau feitio da Rita, näo tem nada a ver com isso. Aliás, para mim a Rita é a-menina-que-está-sempre-a-rir-e-sorrir, e com quem insistem em me confundir num esporádico local de trabalho comum. A Rita é a amiga porreira com quem se tem sempre uma boa conversa. Mesmo assim, vou mudar de Mundo. Porque Copenhaga näo vai ser só minha, vou ter companhia por estes dias. Porque há também Cabo Verde para falar, para lembrar, para viver – ainda e sempre...
A partir de agora vou estar em vetsemfronteiras.blogspot.com – e que nome mais indicado? Passámos a fronteira e viemos, desta vez, para a Escandinávia. E queremos contar tudo. Ou quase tudo....

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