“Todo o ser humano, ao relacionar-se com outro, transforma-o, e , entre amantes, a transformação é muito mais profunda.” “Com uma diferença, meu amigo: as transformações de um homem provocadas pela mulher que ama, ou vice-versa, estão implícitas no carácter do transformado, são possibilidade que a presença do amante suscita e realiza. Mas nem o sacrifício foi alguma vez uma possibilidade de Marianne, nem o crime o foi de Sonja. Don Juan criou os germes, semeou-os...”
Ameaça tornar-se um caso clínico. Cada vez que entro nos centros comerciais, a bela da música natalícia desperta em mim instintos homicidas. Será normal? Ou simplesmente stress pré-natal?
Declaro aberta a discussão. Caso ninguém partilhe este sentimento, considerem as questões como meramente retóricas!
Ainda a próposito da “crise na Justiça portuguesa” e as últimas considerações proferidas pelo nosso mui ilustre Ministro Alberto Costa, respeitantes às fracas defesas oficiosas, aproveito este humilde espaço de antena para relatar a minha última história caricata com um oficioso. Há cerca de um mês e meio, recebi mais uma nomeação oficiosa. Desta feita, um iluste sr. X, acusado de um crime de cheque sem provisão passado à Segurança Social. (Diga-se de passagem, que estamos perante um montante minimamente razoável!) Como boa cumpridora do dever de patrocínio que recai sobre a minha pessoa, apressei-me a escrever uma carta ao senhor X, a informá-lo da nomeação e a disponibilizar-me para uma reunião para preparação da sua defesa. Para grande surpresa minha, o senhor X, ao contrário de praticamente todos os outros oficiosos, contactou-me para o escritório, mostrando-se ávido por resolver a situação extrajudicialmente, propondo-se a pagar os montantes em dívida até ao dia do julgamento, tendo em vista uma desistência de queixa por parte da ofendida, esse belo instituto que é a Segurança Social. Propus-me então escrever uma carta ao mandatário da ofendida, propondo-lhe o pagamento faseado do montante em dívida. Para que não restassem dúvidas, o senhor X deu-me o seu endereço electrónico e o combinado seria que uma vez pronta a dita carta, e ainda antes que esta seguisse para o mandatário da Seg. Social, eu enviar-lhe-ia uma minuta, para posterior avaliação da sua parte. O email foi enviado no dia seguinte e os dias passavam sem que eu recebesse qualquer feedback por parte do senhor X. Uma, duas, três semanas, até que, finalmente, depois de um mês ( e ainda sensibilizada com as palavras proferidas pelo Sr. Ministro), decidi não descurar os meus deveres de zelo e diligência e liguei ao Sr. X, cuja voz alegre denotava que algo na sua postura tinha mudado:
“Olá Dra.! Como está? Há quanto tempo...” “Bem obrigada Sr. X. Olhe, de facto já não falamos há algum tempo. Aliás, eu enviei-lhe um email com a minuta da carta para a Seg. Social. Está recordado? O senhor recebeu-o, não?” “Pois...pois... Eu, de facto, recebi um email seu. É simpático da sua parte telefonar...Mas sabe, eu estive a pensar. Agora as coisas andam-me a correr melhor...Financeiramente, percebe? Por isso, façamos assim: eu até ao Ano Novo tento endireitar a minha vida e aí logo vejo. Se der, pago. Senão desde já lhe digo que não estou muito preocupado: vou preso! Eu até nem me importo Dra. Imagina só, comida, cama e roupa lavada, com televisão e tudo. Não me parece mal!” (silêncio e estupefacção)
Sr. Ministro, acha muito mal que neste caso concreto, eu me levante na sala de audiências e me limite a pedir justiça e a receber 178 euros? Se achar conveniente, pode baixar-me os honorários que nada tenho a opor, mas por amor de Deus, não atribua o fracasso das defesas oficiosas ao desleixo dos advogados estagiários. Sem ovos não se fazem omeletes. Ou estarei errada?
O Governo aponta o dedo aos magistrados e aos advogados estagiários e respectivas defesas oficiosas. Magistrados acusam o governo de não fazer nada pela Justiça, que segundo as palavras do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, atravessa momentos de profunda crise e de descrédito aos olhos da população. A população, leiga face aos procedimentos judiciais e questões processuais, assiste mais uma vez a um caso excesso de prisão preventiva, justamente no caso mais mediático de sempre. A culpa, como já se sabe, morre solteira. Eu, se não trabalhasse na área, hoje juntar-me-ia aos milhares de portugueses indignados, que no café acusam o sistema de “estar comprado” e começam a ganhar a certeza de que a Justiça, mais do que cega, é essencialmente lenta e, como tal, quando feita pelas próprias mãos, é mais eficaz. Para mim, hoje, o complicado é conseguir perceber o porquê da saída de Bibi( uma vez que uma grande parte do meu trabalho é dar uso às manobras dilatórias que a nossa lei penal permite!) e , ainda assim, colocando-me na pele de cidadã, ser incapaz de deixar de sentir-me perplexa e, de certa forma, angustiada com esta situação específica. Quem sabe se um dia destes não vemos Carlos Silvino em directo de Copacabana, jurando a sua inocência ao sabor de uma água de côco?
O Público disponibilizou hoje o resultado da sondagem da Universidade Católica. Segundo esta, Cavaco Silva obtém 57 por cento das intenções de voto, contra 17 por cento de Manuel Alegre e 16 por cento de Mário Soares. Perante este cenário, os Queen parecem-me apropriados: "Is this the world we´ve created? We made it all wrong..."
* A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 961 inquiridos é de 3,5%, com um nível de confiança de 95%. ( O mesmo já não se poderá dizer de Mário Soares, que ainda hoje, entre um abanico e uns bicos-de-papagaio anunciava ter 100% certeza de que voltaria a ser Presidente da República!)
... e ao vinil do "Brother in Arms" de capa azul turquesa, riscado pela agulha do gira-discos que eu insistia em manusear violentamente. Recordando esses momentos de genuína felicidade, aqui fica o Romeo and Juliet.
Para uma mulher que se preze, chuva rima com compras! E para ir nos dedicarmos a esta doce tarefa, convém ir confortável, com roupas e calçado simples que consigamos facilmente remover nas cabines de provas. Mas, aparentemente, essa minha teoria está errada. Afinal, de acordo com as modelitos com quem tive o prazer de me cruzar esta tarde, o truque é atacar as lojas vestida para matar. Aparentemente , só eu sentia o frio a arrepiar-me a pele e a humidade a embaraçar-me o cabelo (o regresso do look Tina Turner!), já que essas deusas desfilavam semi-nuas pelos corredores da Bershka, quais predoras experientes e poderosas, com aquele bronzeado de 20 euros a sessão que cria o efeito do eterno verão e provoca a inveja das macilentas como eu. O efeito foi devastador! Além de me ter sido impossível acompanhar o ritmo delas e, inevitavelmente, ter ficado com as sobras da loja, não consegui evitar sentir-me um verdadeiro chouriço, a trapalhona de sábado à tarde que, sem paciência para disfarçar a palidez com o sun powder da moda, acabou por perder a confiança e a vontade para as compras. Ao fim de tantos anos finalmente aprendi: a cada ataque de consumismo descontrolado, o truque está em ir directamente do sofá para o shopping, de preferência ainda com olhos pegajosos de sono. Não se fica com as gavetas cheias de lixo, como a carteira agradece!
P.S Não percebo como é que estas barbies não sentem frio... Será que é realmente psicológico?
Antes que comece a ter ideias de chamar Vanessa a um filha minha , resolvi, por bem, mudar a música deste desinspirado Mundo. A sonhar com paisagens tropicais e temperaturas médias acima dos 25.ºC, deixo o ambiente em banho-maria com o "irmão" Armandinho.