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O mundo da Ch@p@

Slow Motion

A.N, 15.01.06






Six Feet Under - Season 2








Serve o presente para comunicar à navegação que o ritmo de publicação deste blog ameaça abrandar.
Por razões de ordem técnica ( maldita lei da gravidade que me atraí desmesuradamente ao sofá!), ver-me-ei impedida de actualizar os posts quase diários a que habituei os caríssimos viajantes.
A Season 2 dos Fisher chegou ao mundo da Chapa e ameaça fazer mossa.
Agradece-se, pois, a vossa compreensão.

So...let´s define Art!

A.N, 13.01.06
O Poder da Arte. Ontem à noite, nos corredores da Assembleia da República.

Cena 1.
Dois jovens. Trendy q.b, curiosos, Proust debaixo do braço.
“Por exemplo este quadro. Podes chamar isto arte? O que é que isto tem de bonito?”
“Ora...eu gosto, sei lá”
“Não respondas que gostas. Claro que gostas! Toda a gente gosta. É uma tela pintada, uniformemente, de côr-de-laranja. Não tem nada para se desgostar. Mas explica-me: porque é que isto é arte?”

Cena 2.
Três empregadas da limpeza e o vigilante dos outrora sossegados caminhos da AR.
Olham desdenhosas e sussurram comprometidos.
“Eh lá, isto há com cada “arte” por aqui. Digo-te já, é com cada coisa mai linda...”, disse uma.
“E tu ainda não viste nada!”, retorquiu a outra.
“Vocês se se querem rir, vão lá abaixo. Valha-me Deus nosso senhor! Nunca vi coisas tão feias em toda a minha vida.”
Dirigem-se, então, a um quadro (cujo Autor não me recordo), onde figurava uma mulher nua em cima de um touro.
“Oh Zé!, grita a terceira, “Olha lá este. Finalmente aqui está um que eu percebo. Está aqui uma coisa jeitosa está! Dez e meia da noite e nós aqui a ver mulheres nuas com touros...”

Cena 3.

Um arquitecto e uma das responsáveis pelo evento trocam ideias sob um cenário ardente. Projecções de imagens dos fogos do último ano decoram o salão.
“Tens que admitir que hoje em dia há o culto do esquisito. Existem lobbys poderosos na arte que controlam o que se deve admirar, o que se deve cultivar, o que se deve vender. E hoje em dia gosta-se do esquisito e ponto final. Ninguém se dá ao trabalho de produzir uma obra que se consiga verdadeiramente entender. Os artistas contemporâneos criam obras para si e acham-se no direito de não se justificarem perante ninguém.”
“Não digas isso T. O problema da arte contemporânea é que não é linear. Não é simples de se entender sem se estar devidamente contextualizado com a vida e obra do artista e com a época em que a obra foi criada. Não estando contextualizado dificilmente alcançarás o sentido da peça, entendes? Provavelmente vês uns cubos com uns riscos empilhados no chão e achas que é lixo. Mas se te explicarem o processo formativo e o raciocínio inerente, talvez tudo ganhe um novo sentido. Esse é aliás o sentido de toda esta exposição. As visitas serão obrigatoriamente guiadas para que toda a gente ganhe acesso a uma verdadeira interpretação e um real entendimento.”
“Isso são tretas. Hoje em dia, principalmente na arte contemporânea, o que vale é o nome do artista, o reconhecimento. Vês um quadro com uns relevos que induzem a pensamentos eróticos e quando te aproximas para ler o título, chama-se “ A avózinha faz pastéis de nata para o menino que chora”. Não é suposto a coisa ser minimamente lógica? O artista dá-nos um grande baile. Dá-lhe este nome como podia dar outro, recorre este desnexo e toda a gente admira porque foi o artista X que fez e porque é esquisito. E se é esquisito é porque é bom e temos que admirá-lo.”
“Mas porque é que generalizas? As coisas não se passam necessariamente assim. Estamos a falar de instituições reconhecidas mundialmente que atraem os melhores artistas e as suas obras mais significativas. Não me digas que isto é tudo uma farsa e estes artistas da nossa era nos estão a dar um grande baile. Generalizas demasiado. E nenhum de nós pode falar com certezas absolutas, porque não somos uns verdadeiros entendidos na matéria.”
“Minha querida, o único que sei é que impera o culto do esquisito. Vais ver um filme sem imagens e achas magnifica a realização, porque é esquisito. Dizes que gostas de U2 e olham-te com desprezo porque não conheces o XYHJONMS, aquele “fantástico grupo japonês que certamente conhecerás!”. Chega-se a um jantar e todos competem a ver quem é que conhece os artistas mais esquisitos e com nomes impronunciáveis. Estão-se a medir o tempo todo, entendes? No final de contas, minha querida, é tudo uma questão de pila artística e todos querem ter a maior!”


Serralves realiza mostra na Assembleia da República

A.N, 12.01.06
É com um enorme orgulho (quase de mãe babada) que publicito este evento, em que trabalha, como responsável, uma queridissima amiga de longa data.
Parece-me uma excelente ideia que Serralves desça à capital e decore o mono e o carvalho imponente da AR, com os arrojos da Paula Rêgo, do Júlio Pomar ou da Helena Almeida.

De 12 de Janeiro a 16 de Abril, de terça-feira a domingo, entre as 10h00 e as 18h00.
Entrada é livre.

Maria Rita a cirandar

A.N, 11.01.06









Ter o dom de cantar bem é um privilégio que algumas pessoas têm.
Porém, tratando-se de encantar, a coisa complica-se.
De que serve uma boa voz, um bom arranjo musical ou uma composição perfeita, se no momento do concerto a ligação com o público não se estabelece?
Neste raciocínio incluo todos os tipos de música, desde o rock ao grunge, do heavy metal à electrónica.
Não esqueçamos que não são necessariamente as palavras do artista que criam laços com o público, mas sim a sua capacidade de sentir o que os seus espectadores esperam de si e dar-lhes exactamente isso, sem que estes o induzam, sem que estes o imponham.
E é nesta surpresa que se dá a aproximação/identificação que, no final do concerto, nos faz partir para casa satisfeitos e a gostar cada vez mais do artista em causa. (Triste é quando isto não sucede e, desiludidos, apenas nos sentimos “massificados” e descaracterizados por um artista que nunca chega a sê-lo.)
Esta é a segunda vez que dedico um post a Maria Rita e ontem foi a segunda vez que assisti a um concerto seu.
A sala escolhida foi o Coliseu, tão imperfeita em tantos aspectos, mas tão capaz de gerar ambientes acolhedores e intimistas.
O público era civilizado, como já se esperava num concerto destes.
Chegaram em cima da hora, ordenados e de movimentos cortados pelo frio.
Aos primeiros acordes ainda não abanavam os ombros , nem se deixavam levar ao ritmo do contrabaixo.
Foi então que ela falou.
Em tom confessional falou-nos da sua vida, do seu percurso, da sua preferência pela primeiro álbum ( e minha, confesso!) e , como não poderia deixar de ser, relembrou-nos o quão especial é estar de regresso a Portugal.
Tudo isto encontramos em muitos concertos que por aqui passam.
Mas M. Rita tem qualquer coisa de cativante e acolhedor que nos faz sentir em casa.
Uma expressão corporal magnifica dá forma às letras das suas canções, com as quais nos identificamos tão facilmente e errónea ou inocentemente chegamos a acreditar que foram criadas a pensar em todos e em cada um de nós.
O concerto acabou com o tão disciplinado público a dançar; liberto da tensão e do frio iniciais, em clima de festa com aquela brasileira pequenina rodeada de músicos fantásticos que, segundo disseram, mais do que a trabalhar, estavam ali a divertir-se e a plateia correspondeu.
E assim se aprende que para se ser um verdadeiro cantor não basta saber cantar: mais do que isso, há que saber encantar!

Em campanha

A.N, 06.01.06
"Então e já decidiste em quem é que vais votar?"
"Já pois. Vou votar Alegre."
"Alegre? Hmm.. curioso. Não te sabia socialista!"
"Ora, por amor de Deus. Não me digas que ainda não reparaste que nestas eleições presidenciais, o Alegre é o único candidato de direita?"

Soares acusa grupos de comunicação social de apoiarem Cavaco

A.N, 04.01.06



As últimas sondagens apontam para uma vitória de Cavaco Silva com cerca de 60% dos votos do eleitorado.
Ou pertenço a uma elite desfasada e desenquadrada da realidade portuguesa ou o Sr. Silva ( Alberto João dixit) goza de apoios misteriosos que a minha medíocre inteligência, não me permite desvendar.
Afinal, quem vota em Cavaco?
Estaremos perante a típica situação de “Kiss but don´t tell?”
Será que apoiá-lo se tornou num daqueles actos que todos praticam e ninguém assume?
Parece-me que há algo paradoxal em todas as sondagens.
Cavaco vencedor, mas ninguém assume votar nele.
É curioso ser este o modo de escolha de um Presidente da República em Portugal.
Um representante da Nação que nos envergonha? Hmmm...
Mas enfim, teremos aquilo que merecemos e mais não nos é permitido pedir.
E viva a democracia, que nos permite estes desabafos inconsequentes e irresponsáveis.

...

A.N, 02.01.06


Podia escrever sobre as secretas introspecções a que nos entregamos, luxuosamente, nesta altura do ano.
Ou até motivar-vos com a minha lista de resoluções para o ano que agora começa.
Seria igualmente boa ideia, rever os acontecimentos marcantes de 2005 e ter a predisposição necessária para analisá-los com coragem e com uma utópica objectividade.
No entanto, decidi abster-me de o fazer.
Sinto que se o fizesse não estaria a escrever para vocês, mas sim para mim; não estaria a relatar, mas a analisar; não estaria a viver, mas sim a pensar.
Considero que , por vezes, chega a ser incómodo parar e analisar o passado.
Nunca considerei a retrospecção como um meio de nos fazer avançar para o futuro.
Cada vez que olhei para trás e valorizei em demasia a tinta que já correu, acabei por tropeçar, por não fechar bem as portas, por não encerrar todos os capítulos.
Além de que, acabei sempre com uma falsa sensação de tranquilidade e de falta de honestidade.
A distância temporal é susceptível de nos colocar perante realidades intencionalmente inverosímeis e muitas vezes induz-nos em erro ao recordar factos passados, que ganham os contornos que nós lhe infligimos.

O que não significa que defenda a frivolidade. Apenas acho que muitas gente perde muito tempo a recordar e a fazer o balanço dos anos passados.
Logo, um brinde a 2005 e que venha 2006.
Que as amizades se fortaleçam;
Que as mudanças não consubstanciem rupturas;
Que os livros na mesinha de cabeceira se multipliquem;
Que se continuem a escrever bons blogs;
Que as oportunidades floresçam;

Que comece então o novo ano!