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A julgar pelas notícias da última semana, nós, os portugueses, mudámos a concepção de Estado que obstinadamente alimentámos durante anos: este ente estranho deixa de ser um terceiro, omnipresente e castigador, usurpador dos nossos impostos e dono de uma inata incompetência, para passar a ser um orgulho, uma bandeira que todos, histericamente, penduramos nas janelas quando ainda faltam semanas para o Mundial; que passa a ser tema de conversas apaixonadas acompanhadas a caracóis e imperial e se personifica na imagem de Luís Filipe Scolari que nem português é.
Mas isso é irrelevante: o importante agora é chorar com o Cristiano Ronaldo, subestimar o grupo em que nos encontramos no Mundial e preparar a voz para as comemorações no Marquês de Pombal.
Por outro lado, a julgar pela campanha publicitária maciça do Campo Pequeno ( de novo em grande!), somos amantes da tourada (ou da “afición” como tão bem o pronunciou Ana Paula Taborda na festa de inauguração) e todos os anos que ignorámos aquela construção colorida e despropositada a meio da Av. República, deve-se não ao facto de não gostarmos das corridas - julgar pelos discursos, é normal e perfeitamente aceitável gostarmos de actos de barbárie como meio de entretenimento- mas sim ao incómodo de não podermos usufruir de um espaço comercial para acalmar os ânimos da afición com o deslizar do cartão de crédito.
Ou seja, venham “toiros” e futebol, venha a festa do Mundial e mais noites de Globos de Ouro .
Com o fado anda o povão triste e tristezas não pagam dívidas, muito menos a externa.Que venha a bola!