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O mundo da Ch@p@

O estigma comunista da relação

A.N, 19.12.06

Estado civil: União de facto, mas não direito.

“E diga lá, querida, onde vai passar este Natal?”

“Em Lisboa, como sempre. Não gostamos muito de passar o Natal fora. E a senhora?”

“Eu também fico por cá. A consoada será em minha casa e o almoço de Natal em casa da minha sogra. Olhe e...o seu...namorado? Quer dizer, o seu marido , não ?Ai que confusão. Nem sei que chamar-lhe...Isto das meninas agora não casarem é uma confusão. Olhe, o seu companheiro, passa cá o Natal ou vai passá-lo com a família?”

(pequeno momento de embaraço, seguido por resposta irónica)

"Este ano passa o Natal connosco. O camarada Y. obteve permissão do Partido para celebrar o Natal com a companheira, por isso cá ficará.”

Despedidas

A.N, 17.12.06




Não gosto de despedidas, do sabor acre que deixam na boca após a insatisfação das palavras que não foram ditas, das lágrimas que orgulhosamente não soltei, do apressado e tímido abraço que acompanha o “vamos falando”.

Não gosto de me emocionar com os acontecimentos menos maus da vida, já que nos outros encontro a legitimação que a felicidade não acarreta e me faz sentir patética.

Não gosto da viagem até ao aeroporto. Muito menos ainda de não ser eu a passar a barreira das partidas.

Sempre achei mais fácil partir do que ficar, ainda que a certeza da rotina possa parecer mais tranquilizante e enfrentar o desconhecido possa revelar-se terrifico.

Não gosto de despedidas, tenho dito! Fico cansada de não dizer o que quero, de pensar demasiado no que gostaria de ter dito.

Talvez por não saber estar à altura das situações, talvez por não querer confrontar a separação, sinto o incómodo e o embaraço que se repete a cada “adeus”, a cada separação, a cada mudança.

Qual criança, fujo para casa, inerte e absorta em pensamentos pragmáticos que não deixam espaço a nostalgias precoces.

Mas, ao recordar aquele momento, ainda que o proferido adeus possa não ter sido sentido, a saudade lusitana, dá um ar da sua graça, advertindo-nos que ela não parte nem se despede ... fica para sempre!

Lost in translation

A.N, 03.12.06

O problema das traduções da Bable Fish ...


One late afternoon, Mr. and Mrs. B. got this wonderful sms:
“Good afternoon. It can pass in the Store of Lisbon to raise the light bulb of blinks for its wasp. Better compliments, Loja das Motos”


(O que, trocado por míudos, provavelmente quer dizer que já podemos passar na loja a apanhar os piscas que foram encomendados para a Vespa!)

Café Malaca ou a descoberta de quinta-feira

A.N, 02.12.06
Fugimos ao inevitável, ao recorrente, ao cansativo e húmido Bairro Alto.
Junto ao rio, tudo parecia demasiado frio, desconfortável, caro. As espreguiçadeiras dos fins de tarde de verão já estão guardadas para a próxima temporada e um certo ambiente desolador ameaçava condenar a investida a uma amarga desilusão.
Os armazéns, agora estilizados e vanguardistas, recusam aqueles que apenas procuram um lugar confortável onde ficar a saborear uma bebida quente, propícia às noites de Inverno.
Já quase de braços cruzados, sinal típico do já acostumado falhanço, tropeçámos no Clube Naval junto ao Cais do Sodré, local inóspito onde os já não utilizados pontões servem, por vezes, de abrigo a quem não o tem.
Desconfiados, entrámos no armazém do Clube e subimos as escadas íngremes até encontrar o aroma a Oriente.
Simples, acolhedor, "en cheval sur l´occident et l´orient", sorrisos de boas vindas e um ambiente tranquilo.
Chás orientais servidos em jarras Ikea, rolos vietname a despertar a curiosidade, sumos de gengibre e afins, não só deixaram vontade de voltar como contentaram aqueles que, com um pouco de insistência e imaginação, conseguiram tornar aquela noite especial, através da descoberta daquele espaço diferente.


Café Malaca

Cais do Gás, Armazém H, 1.º andar, Cais do Sodré
Tel. 21 347 70 82/96 710 41 42/93 866 50 99
Aberto de segunda-feira a sábado para almoços
e lanches. Quinta-feira a sábado, aberto para jantar.