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O mundo da Ch@p@

Perfect Stranger

A.N, 30.04.07

Um mundo onde as distâncias, virtualmente, não existem.

Onde um amigo, perdido numa ligação mais lenta no hemisfério sul ou um desconhecido, concentrado numa ligação mais veloz do outro lado do oceano, preenchem os dias com mensagens instantâneas e emails.

O envelope azul que brilha, a mensagem que preenche o écran, a janela azul intermitente na barra inferior do écran.

Sou quem sou ou quem gostaria de ser, sou caracteres, sou uma imagem, uma fotografia, um blog, um chatroom.

Neste mundo onde estamos tão próximos, navegamos entre estranhos.


Com uma deslumbrante Halle Berry, um sexy Bruce Willis ( nunca pensei vir a escrever semelhante comentário), uma trama inteligente no sofisticado cenário de Nova Iorque e um final que, contra todas as expectativas, me conseguiu surpreender.

Num futuro não muito distante

A.N, 27.04.07




Antonio:We were just wondering if, if it is good to just leave a few things to, to chance?
Geneticist:We want to give your child the best possible start. Believe me, we have enough imperfection built in already. Your child doesn't need any more additional burdens. Keep in mind, this child is still you. Simply, the best, of you. You could conceive naturally a thousand times and never get such a result.

Xela, Guatemala

A.N, 27.04.07



A estrada que une Comitán à fronteira com a Guatemala recorta uma paisagem de montanhas que serve de introdução às curvas sinuosas dos desfiladeiros que percorremos para chegar a Quetzaltenango (ou Xela), segunda maior cidade da Guatemala ( a cerca de 200km da Cidade da Guatemala) ,rodeada por vulcões que a observam, atentos e lhe conferem uma atmosfera especial.
Os acessos em construção, vias sem separadores, casas inacabadas e a noite cerrada não ajudaram a não criar uma boa impressão (O mesmo se dirá da condução demoníaca dos guatemaltecos que nos valeu alguns sustos durante toda a viagem).
Ausência total de edifícios com mais do que um andar, arruamentos de terra batida toscamente delineados, lixo descuidadamente esquecido junto aos passeios.
Porém, este cenário desolador é surpreendentemente substituido por um centro histórico do estilo colonial, com colinas que lembram Salvador da Bahia ou até a própria Lisboa, edificios majestosos da época gloriosa da colonização espanhola, chão empedrado, igrejas em festa devido às celebrações da Semana Santa (uma das principais festividades daquele país) e um mercado agitado, com iguarias de cheiros intensos que parecem fazer as delícias dos locais, mas despertam desconfiança nos turistas.


Quetzaltenango, no verão, converte-se num dos principais centros de ensino de espanhol, motivo pelo qual centenas de estudantes, todos os anos, aí permanecem .
Não se estranha, por isso, que alguns acabem por deixar-se ficar, sendo frequente encontrar peles brancas e sensíveis ao sol misturadas com as cores morenas que servem de postal para o país.
Durante a semana santa, pese embora as elaboradas e solenes procissões e o turismo peculiar que, de certa forma, as mesmas atraem, o ambiente é tranquilo e os passeios agradáveis, não se sentindo o turismo massivo que encontramos, por exemplo, em Chiapas, México.
Curiosos, assistimos ao fervor religioso, às gentes indígenas vestidas de forma tradicional que palmilham as montanhas em redor, à simpatia dos seus habitantes, ao cenário perdido no tempo da América Central.
De forma tímida, a Guatemala começava a revelar-se.
Mas será que conseguimos, realmente, entender?

Liberdade Inquestionada

A.N, 25.04.07


Para a minha geração, o 25 de Abril tornou-se uma paródia, um feriado que serve como desculpa para excessos alcoólicos e fogo de artifício junto ao Tejo.

Associado a Zeca Afonso, Zé Mário Branco e Paulo de Carvalho, representa para a geração dos oitentas mais do que um ponto de viragem no passado recente da nação, um dia de cantilenas e repetições televisivas do cerca ao Quartel do Carmo, dos anúncios da emissora nacional, das imagens emotivas do 1.º de Maio de 1974 que juntou, braço a braço nas ruas de Lisboa, opositores e apoiantes da revolução na celebração do dia do trabalhador.

Só este sentimento superficial e frívolo da data justifica, em minha opinião, a ausência de uma total reflexão, a ausência de um verdadeiro sentimento de festa, de uma verdadeira comemoração.

Brindar ao 25 de Abril tornou-se embaraçoso, criticável em muitos meios, objecto de escárnio em quase todos, quase que politicamente incorrecto.

Gerações subsequentes a 1974 elegem Salazar como o maior português de sempre, debitam discursos importados de que a origem de todos os males reside nesta data, que no “antigamente” é que havia respeito.

Falam convictos, apaixonados e apologistas de um regime que não conheceram mas de que ouvem falar, de uma realidade que não conseguem conceber, mas pela qual, ainda assim, advogam.

Como poderei eu, pertencente à geração de 81, opinar sobre algo que desconheço, mas a que chamam de ditadura, de forma minimamente isenta e esclarecida se, desde a nascença, me foi permitido pensar, opinar e manifestar sem correr risco de acabar na prisão?

Independentemente do que sucedeu no PREC, dos excessos que tiram a razão e das atrocidades a que a sede de poder conduziu, gostava , por instantes, de que o 1.º de Maio de 1974 fosse um pouco mais do que fotografias a preto e branco perdidas nos álbuns de família e nos recortes de jornais.

Gostava de sentir o mesmo brilho que a geração dos meus pais sente quando relata o seu dia 25 de Abril de 1974 e o seu amanhecer incerto e suspeito.

Gostava que esta data significasse um pouco mais do que um momento de euforia ao som de canções revolucionárias na cave do “Tóquio” com cravos artificiais pendurados ao peito.

Lagunas de Montebello

A.N, 23.04.07
Em época recuada, existia, no lugar onde hoje fica a freguesia das Sete Cidades, um reino próspero e aí vivia uma princesa muito jovem, bela e bondosa, que crescia cada dia em tamanho, gentileza e formosura. A princesa adorava a vida campestre e frequentemente passeava pelos campos, deliciando-se com o murmurar das ribeiras ou com a beleza verdejante dos montes e vales.

Um dia, a princesa de lindos olhos azuis, durante o seu passeio, foi dar a um prado viçoso onde pastava um rebanho. À sombra da ramagem de uma árvore deparou com o pastor de olhos verdes. Falaram dos animais e de outras coisas simples, mas belas e ficaram logo apaixonados.

Nos dias e semanas seguintes encontraram-se sempre no mesmo local, à sombra da velha árvore e o amor foi crescendo de tal forma que trocaram juras de amor eterno.

Porém, a notícia dos encontros entre a princesa e o pastor chegou ao conhecimento do rei, que desejava ver a filha casada com um dos príncipes dos reinos vizinhos e logo a proibiu de voltar a ver o pastor.


A princesa, sabendo que a palavra do rei não volta atrás, acatou a decisão, mas pediu que lhe permitisse mais um encontro com o pastor do vale. O rei acedeu ao pedido.

Encontraram-se pela última vez sob a sombra da velha árvore e falaram longamente do seu amor e da sua separação. Enquanto falavam, choravam e tanto choraram que as lágrimas dos olhos azuis da princesa foram caindo no chão e formaram uma lagoa azul. As lágrimas caídas dos olhos do pastor eram tantas e tão sentidas que formaram uma mansa lagoa de águas verdes, tão verdes como os seus olhos.


Separaram-se, mas as duas lagoas formadas por lágrimas, ficaram para sempre unidas e são chamadas de Lagoas das Sete Cidades. Uma é a Lagoa Azul, a outra é a Lagoa Verde e em dias de sol as suas cores são mais intensas e reflectem o olhar brilhante da princesa e do pastor enamorados.

Lenda da Lagoa das Sete Cidades (Açores, Portugal)

Quem um dia visitou S. Miguel, não poderá deixar de procurar semelhanças entre a Lagoa das Sete Cidades e as Lagoas de Montebello, próximo ponto de visita.
Lagoas de diferentes cores, inesperadas, deslumbrantes.
Para trás , Zinacatán ficou pelo caminho, perdida no tempo e nas montanhas.

Pela frente, a Guatemala aguardava-nos. Apesar das ameaças de chuva e de uma neblina ameaçadora nalgumas partes do caminho, chegámos, algo reluctantes, às Lagoas.
E isto foi o que encontrámos:







(Não aconselhável em dias de chuva ou nevoeiro.)


Qual será a sua lenda?

Dia do Livro

A.N, 23.04.07
"As mulheres não são pacientes com o amor. São pacientes com tudo e de tudo fazem hábitos. Do amor é que não. daí que muitas delas deixem de ser honestas e se entreguem a uma forma de criação que é principiar do nada coisas efémeras que nunca acabam. Chama-se a isto Quinta-Essência, a região do fogo e do amor."


Agostina Bessa Luís,"A Quinta Essência"

...

A.N, 22.04.07

Na igreja de San Juan Chamula não se encontram bancos, pias de água benta nem um altar tradicional com Cristo crucificado ao alto.

Não encontramos viúvas de negro ajoelhadas em penitência, não encontramos frescos nas paredes ou o cheiro ao incenso tradicional.

Ao invés, encontramos indígenas concentrados nos seus rituais, algo pagãos, a idolatrar um Deus católico, situação simultaneamente caricata e bizarra que só a história da colonização poderá explicar.

Trajam de multicolores, fazem oferendas a cada um dos seus santinhos ( contrariamente ao que encontrámos noutras aldeias de Chiapas onde, por estarmos em plena Semana Santa, os santos encontravam-se cobertos por mantos púrpura, já que a semana é de Jesus), queimam incenso purificador com gestos acelerados que acompanham dialectos incompreensíveis.

Pendurados ao pescoço, espelhos mostram aos beatos as suas almas que, naquele momento e naquela igreja singular com chão de palmas de oliveira, prestam oferendas, cantam e meditam.

Dentro da igreja não é permitido tirar fotografias, pelo que só o uso da imaginação permitirá intuir o ambiente místico do lugar.

Na rua, um mercado vibrante recebe os turistas que buscam na aldeia indígena tradições de um México profundo.</span>


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