Após a produção de "posts" tão entediantes, a única explicação que encontro para que este blogue mantenha um nível de visitantes diários aceitável, deve-se unica e exclusivamente ao engenhoso motor de busca da Google que os reencaminha para este canto da blogosfera, com alguma malícia diga-se , quando estes pesquisam expressões como "menino e a cabritinha", "mensagem para a filha" ou "família Scofield no mundo"...
Noites em claro em quartos cálidos. Dias abafados na cidade cujos habitantes que rumam a sul; dias que duram eternidades. As manhãs confundem-se com as tardes; as tardes atormentam-nos com o sol escaldante, as noites atrasam a sua chegada. A preguiça entorpece os músculos, o cérebro e a vontade.
* Nota da autora: recordar este pequeno brainstorming da próxima vez que resolver ir de férias em Setembro!
Cinco e meia da tarde. 38º graus à sombra. Lisboa. Escritório em mudanças. Em cima das secretárias em desalinho, a análise de questões processuais é adiada, em virtude das dificuldades técnicas. Subitamente, sou acusada de ser presunçosa por afirmar que a vizinha que reside no andar imediatamente superior ao do escritório é a D. Paula quando, aparentemente, quem lá reside são uns engenheiros quaisquer!
Long live the silly season. Que todas as questões que ocupem a alma humana sejam estas (com ou sem presunção).
Passaram trinta anos juntos a partilhar casas, filhos e projectos. Observando-os de perto, porém, anos de afastamento foram silenciosamente palmilhados. Como é possível caminharem juntos percursos tão separados? O que os uniu de início quando possuíam, desde logo, personalidades tão distintas e sensibilidades antagónicas? Do matrimónio da juventude restam apenas imagens a preto e branco emolduradas, como deve ser, em cima do aparador da sala. Não pretendendo quantificar a felicidade, poder-se-á dizer que vivem infelizes, disfarçando as desilusões e as mágoas com artíficios do quotidiano. Dizem-se casados, mas há muito deixaram de o ser. Não separe o homem aquilo que Deus uniu... ou não una Deus aquilo que o Homem, mais tarde, não tem coragem para separar.
O voto foi pragmático. Sem convicção, desapaixonado, censuravelmente calculista: ao participar, adquiro, automática e legitimimamente, o direito à crítica e ao futuro discurso de descontentamento. A vitória do PS não foi estonteante, mas comparativamente, significou uma derrota da oposição. Porém, a vitória de António Costa não tem, em minha opinião, grande mérito: deveu-se à falta de qualidade da oposição (ou mesmo à inexistência desta), à falta de escolha, à desconfiança de que, desta forma, o Governo abra mais os cordões à bolsa, no que concerne o município; ao medo recém-adquirido dos lisboetas de ter, uma vez mais, uma Câmara ingovernável (risco, contudo, não eliminado). Em noite de eleições fizeram-se promessas; delinearam-se, novamente, projectos e ideias. Sem ingenuidade, diminuí o volume da televisão. Afigura-se difícil acreditar em promessas perante um anfiteatro de excursionistas subsidiados, antecipadamente, pelo PS, para vir a Lisboa aclamar a vitória de António Costa enquanto Presidente de uma Câmara que não lhes pertence.