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por Pedro Mexia.
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Não é segredo que gosto de futebol. Que sofro e partilho a paixão pelo desporto rei.
É, porém, uma relação amadurecida a que tenho com o meu clube.
Não prescindo de viagens ou de um bom jantar por causa de um desafio, não parto porcelana em casa nem respondo mal aos adversários na segunda-feira de manhã após uma derrota.
Esta, porém, não é a tendência dos portugueses. Obviamente que a minha falta de propensão para a histeria futebolística terá uma forte componente genética: afinal, isto de mulheres no futebol não é coisa digna.
Contudo, agrada-me a ideia de não ser mais uma dessa massa de milhões de portugueses para quem a semana de trabalho é apenas um compasso de espera até aos jogos do fim-de-semana.
Parece-me incompreensível alguém nunca ter lido um livro na vida e devorar, copiosa e diariamente o Record ou a Bola.
Que dizer então do anúncio da subida do IVA imediatamente após o Benfica se ter sagrado campeão? Questionadas as pessoas encolhiam os ombros com descontração e indiferença: o Benfica era campeão e essa notícia, além de não alarmar, vinha interromper a projecção de imagens da celebração da vitória.
Atendendo ao atrás exposto, entendo o raciocínio do produtor do jornal da noite da Sic de Notícias, ao interromper mais uma bela verborreia de Pedro Santana Lopes e transferir a emissão para o Aeroporto da Portela onde José Mourinho acabava de chegar com a família (filhos e esposa).
Estranhamente e com alguma desconfiança, porém, a presença de espírito de Pedro S. Lopes parece-me louvável.
A hipotética passividade de um qualquer outro candidato perante a o facto de ver o seu discurso acerca da actualidade política ser interrompido pela notícia das férias piscatórias de um treinador de futebol, parece-me, ao invés, censurável.
Mais louvável seria, todavia, se esta atitude tivesse sido assumida por outro personagem político, por alguém com um percurso limpo e provas dadas de competência e seriedade.
Assim, não obstante concordar com o comportamento, é inevitável deixar de sentir que deixaram de emitir a flash interview do treinador do Leiria para emitir a conferência do ex-treinador do Chelsea: não se perdeu, nem se ganhou, nada importante.
Calar Santana Lopes, mais do que falta de educação e noutras circunstâncias, certamente, parece-me uma atitude de bom senso.
A escassos quilómetros de Avis (segundo o ditado, a terra que Deus não quis!),no meio de uma planície infindável e sob um sol abrasador, chegámos a Alcórrego, situado entre Aviz e Pavia.
Segundo informações locais (um conselho que vivamente se recomenda), o local para almoçar não poderia deixar de ser “A Tasca do Montinho”, um sóbrio e quase despercebido restaurante onde descobrimos deliciosas iguarias alentejanas.
Não pretendendo graduar a gastronomia nacional e sendo-me impossível determinar qual a minha preferência, a cada garfada da açorda de espargos, recordei como é abundante em sabores e aromas a cozinha alentejana e como o prazer de comer jamais é descurado nessa zona do país..
As nossas opções foram os secretos de porco preto, acompanhados pela já mencionada açorda de espargos e sopa de cação. De entradas, não conseguimos abdicar do queijinho da terra, linguiça e farinheira frita, grão com bacalhau desfiado e tirinhas de carne de porco com alho e azeite (petisco cujo nome técnico caiu no esquecimento).
As pecaminosas sobremesas não puderam deixar de ser a acostumada sericaia, com ameixa de Elvas e um altamente calórico “Fidalgo”.
De barriga e alma satisfeita, retomámos a estrada de regresso a Ponte de Sôr, ávidos por regressar em breve ao recém-descoberto tesouro gastronómico.
A dieta aguardará por melhores dias!
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“Tasca do Montinho”
Alcórrego
7480 Avis
Telefone: 242 412 954
Encerra à segunda-feiraOs jovens saem à noite, regressam a casa às sete da manhã e, horas depois, acordam rejuvenescidos e vão surfar para Carcavelos.
Os velhos,por outro lado, esquecem-se de que já não são assim tão jovens, saem até às sete da manhã e despertam do coma 48 horas depois, engravatados e em frente a um computador, a amaldiçoar a manhã de segunda-feira.
“Conheceu, então, o sabor acre do medo e o aumento abrupto de uma adrenalina desconhecida. O diagnóstico foi positivo. Os medos caíram por terra. De momento, não há motivo para alarme, não obstante ter sido aconselhada a repetir os exames de seis em seis meses.
O tudo ou nada do exame adicionou uma nova perspectiva à maturidade com a qual ainda não tinha aprendido a lidar: afinal, acresce às contas por pagar e às decisões cruciais, a doença que, até àquela data, só batia à porta do vizinho.”Em Alvalade, na noite de ontem, o carrasco do Sporting foi o menino de ouro da casa que nos recordou, de forma desconcertante, o porquê de uns jogadores chegarem ao estrelato e outros nem tanto.
Ao aproveitar, como ninguém, a oportunidade que conduziu ao golo do Manchester, Cristiano provocou na audiência um verdadeiro “acting out”: se por um lado a tristeza e a decepção do golo refrearam os ânimos elevados da primeira parte do jogo, por outro lado ninguém melhor que um dos da casa para deitar por terra o esforço da nossa equipa.
O perdão fez-se sentir imediatamente: se uma parte do estádio fazia o luto pelo jogo que, nos primeiros quarenta e cinco minutos poderia ter sido ganho por nós, uma outra parte do estádio aplaudiu Cristiano Ronaldo, numa demonstração de fair play, humildade e reconhecimento que jamais vi em Alvalade.
Confesso que não conseguiu aplaudir no momento do golo, apesar de não ter podido parar de o fazer aquando da substituição de Ronaldo (não com alívio, mas um imenso orgulho!).
A razão e o sentimento caíram por terra ontem à noite e apesar da derrota , na boca não ficou um sabor amargo.
Será que, afinal, o futebol me faz evoluir enquanto ser humano?