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O mundo da Ch@p@

Que posso oferecer?

A.N, 17.02.08
Um gin? Uma mini geladinha?

Seja, pois, bem-vindo também, o senhor que não entendeu muito bem o alcance da ficção em itálico e que se diz ser o último dos saqueadores marítimos!

12 porque 13 à mesa dá azar!

A.N, 17.02.08

 

Ora bem, aparentemente aquela senhora que neste momento voa em direcção ao sol e as tortas cubanas de Miami Beach, não quis partir sem me deixar um pequeno legado, convicta, certamente que os próximos dias de ausência me iriam remeter a um isolamento intolerável.

Assim, a bola ficou neste lado do campo e cabe-me a mim dedicar esta manhã de Domingo a elencar doze maravilhosos vocábulos pelos quais nutro um especial carinho.

 

  1. Escafandro - Porque de verdades absolutas se alimenta o mundo, não me refreio de afirmar que esta é a palavra mais genial, complexa e absurda no planeta que serve para designar um objecto de igual valor e inutilidade.
  2. Périplo - Cada um com as suas pancadas, certo?
  3. Cretino - Ou o insulto que dispensa acompanhamento.
  4. Adenóide- Aos quatro anos sofri uma intervenção cirúrgica nesta espécie de glândula linfática siuada por detrás do nariz. No entanto, naquela no meu bairro, julgo que a mesma  era vulgarmente apelidada por AGNOIDE e servia de desculpa para comer gelados em Fevereiro.
  5. Sinistro - A sua pronunciação arrepia as cordas vocais e desperta um sentimento visceral relativamente ao objecto visado com tal adjectivo.
  6. Peripécia - Demasiada literatura infantil.
  7. Bosque - Idem.
  8. Estafermo - Comummente utilizado para descrever pequenos seres, brilho dos olhos dos papás que percorrem os restaurantes aos gritos e me impedem de saborear um refeição na paz dos anjos.
  9. Estupor - Idem. "Joãozinho, estupor, diz olá à tia!"
  10. Amálgama - Uma palavra extremamente visual.
  11. Panóplia - Idem.
  12. Antiestamínico - Há algo de metálico nesta palavra que me atrai.

Ora bem, a quem passarei a batata?

Talvez..para.ti que desde que foste para Atlanta e as tuas amigas se tornaram mulheres ocupadas, o arroz passou a ficar crú.

E para ti também que já é hora de testar os teus conhecimentos da língua de Camões.

 

Voyeur do Valentino

A.N, 14.02.08



Confirma-se.
Terminou o mito.
Existem casais que dançam em casa, junto à janela e são contemplados por outros tristes que,  tocados pelo Baco, teimam em confundi-los com o filme que não viram porque se esqueceram de ligar a televisão.

Valentim

A.N, 14.02.08

Sem registos de maior importância, excepto uma menção ao dia de invenção comercial mais terno do ano.
Porque gosto de finais cor-de-rosa e acredito que todas as mulheres partilham deste gosto; porque ao contrário do que pensa aquele senhor muito mal educado que por aqui passou (sem deixar registo, pois ninguém disse que a democracia era a regra da casa), até acho que ando bastante "bem tratadinha" e defendo que se disso dependesse a felicidade das mulheres,pobres de nós infelizes, nas mãos dessa maioria de desajeitados; porque qualquer dia serve para celebrar,cuidar e valorizar o que se tem e o que se quer ter, aqui fica a melodia "melosa" a condizer com o dia, formalmente, mais doce do ano.

Fim-de-semana

A.N, 11.02.08
Voltei ao cinema e o regresso, ainda que pudesse ter sido melhor, superou as minhas expectativas.
Numa sexta-feira à noite em que o cansaço foi impiedoso e obstou ao desejado pé-de-dança, foi a vez de ver o mais recente filme de Woody Allen nas salas portuguesas: Cassandra´s Dream.
Um filme que nas palavras sábias de uma amiga que diz muitas coisas e sabe muitas mais, consubstancia um capricho do realizador, ao qual se seguirá, necessariamente, um sucesso de bilheteira, pois do ar não se alimenta o homem.
Saí desiludida e confesso que não dificilmente algum filme do Woody superará Annie Hall ou Manhattan.
Não contente com este singelo regresso, finalmente consegui ver o Charlie´s Wilson War que superou todas e quaisquer expectativas.
Um enredo inteligente, despretensioso e esclarecedor, sem cair na tentação da piada fácil e do nacionalismo exacerbadamente rídiculo americano.
O que poderia ser um flop acaba por converter-se numa nota explicativa da nossa história recente, exemplarmente desempenhada por um elenco brilhante.
Chega então segunda-feira e só o preço exorbitante do cinema dos dias de hoje me resfreia os ânimos e me impede de correr a enfiar-me numa das salas da cidade.
Na lista, permanecem uns quantos imperdíveis e mais uns quantos  que a luxúria me conduzirá a ver.

Dourado

A.N, 11.02.08

Anos dourados parece estar a viver Valentim Loureiro, a julgar pelo ar triunfante e luminoso com que chegou ao Tribunal de Gondomar.

Se  dúvidas restavam de que não cumprirá qualquer pena de prisão efectiva pelos vinte e muitos crimes que alegadamente cometeu,  as mesmas, hoje, deram lugar a um encolher de ombros  de desânimo e indiferença de quem já nada espera: ou seja, nós , cidadãos, supostamente protegidos por um sistema judicial , composto por  dignos representantes da classe e do Estado de Direito.

Ás tantas quase que se cai na tentação de apelar  à  anarquia, à justiça caseira e ao fim dos dias do Estado de Direito que  ainda que não surja manchado de sangue, à semelhança do sucedido hoje em Timor Leste,  já foi conhecedor de melhores dias e um de mais significativo conteúdo.
 

Hora do lobo

A.N, 10.02.08

"Não sei porque raio não consigo detestar-te. Não consigo culpar-te por tudo o que de mal me fizeste, não consigo racionalizar-te e distanciar-me da imagem que  julguei possuíres, não consigo reconhecer-te defeitos, mas apenas virtudes.
Confesso, aliás, que recorro a estas para justificar a minha escolha, como se o teu carácter único fizesse apagar o fracasso do nosso "nós" e justificasse a minha eterna esperança.
Cheguei, contudo, ao ponto de saber identificar as imperfeições da nossa relação, de ganhar coragem para afirmar que não tivemos uma relação, mas várias, plenas de tentativas, desilusões e frustrações.
Um romance de fazer correr tinta, uma história doentia e perversa que só assim é digna de ser contada. Afinal, sejamos francos, já ninguém quer ouvir contos de fadas, nem acredita em finais felizes.
Agora apercebo-me que a adrenalina que despertavas em mim e que eu, inocentemente, confundia com paixão, mais não era do que uma ilusão, uma febre irresistível e viciante que julguei ser o paradigma para quaisquer outras relações amorosas e com a qual aprendi a conviver, atravessando os momentos menos bons com a vontade obstinada de que assim o viveriam todos.
Sei agora que  errei e que na definição de "gostar" não devem constar expressões como luta, angústia ou desconfiança.
Ainda assim, não me consigo libertar.
Se de ti ou do personagem que escrevi para ti, não sei, mas reconheço que para a cura muito há que caminhar.
És a pedra que não quis afastar do caminho e que escolhi guardar no bolso, pois por agora agora prefiro que me acompanhes, sabendo que não  me é permitido abandonar-te.
Quem sabe, um dia, o teu peso se torne incomportável e te deixe descansar à beira da estrada.
Quem sabe, um dia, já não sejas sequer um peso."

...

A.N, 09.02.08

Mais do que qualquer outra coisa, os americanos são mestres na arte do entretenimento.

Natal, acção de graças, eleições ou uma tragédia são convertidos em momentos de ilusão e emotividade, espectáculo e iluminações de arrepiar os pêlos dos braços e arrefecer as nucas dos mais racionais.

Repare-se nas eleições americanas.

Obama lança um video musical, apoiado pela classe artística e esclarecida que não só fala ao coração daqueles que os acompanham semanalmente na televisão, como daqueles que não logram ficar indiferentes a uma canção cheia de ideais, convicções e mensagens cheias de esperança, ao gosto e a lembrar a época da campanha dos Kennedy.

Talvez tudo não passe de uma violenta e insistente pressão mediática que não permite a nenhum cidadão permanecer no sofá ou viajar até ao campo no dia de eleições. Talvez seja apenas uma cultura democrática mais enraízada.

Quem sabe apenas um bom espectáculo...

A verdade é que no final de contas as politiquices não deixam de o ser, os lobbies é que comandam as eleições e pelos erros ou decisões acertadas do povo norte americano acabamos todos por pagar.

Acredito no discurso de Obama e no peso que a sua eleição pode representar. Acredito, porém, que quase todas as almas são corrumpíveis e que no final de contas o equilíbrio de interesses é que decide o rumo das medidas adoptadas.

Contudo, desconfio da sua manipulação emocional, da mesma forma que desconfio dos gestos de carinho entre os Clinton e da racionalidade e calculismo de Hilary.

 

Independentemente de crenças ou descrenças, gosto do espectáculo, dos discursos encalorados e de políticos que falam aos e para os seus eleitores; que não proferem frases inintelígiveis ou mensagens codificadas; que ainda que mintam como todos os outros, fazem-no com glamour e mantêm as lotações esgotadas.