Yuroslav
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Igreja do Sangue de Cristo Derramado, São Petersburgo
Kremlin, Moscovo
Conhecer a alma de um país e o coração das gentes é a ambição do verdadeiro viajante, motivo pelo qual este não sabe lidar com os sinais contraditórios de uma cultura que desconhece e pretende desvendar.
Tentar compreender a alma russa torna-se uma tarefa mais árdua do que à partida poderia parecer, pois partimos para aquele país com uma tábua rasa de conhecimentos além dos factos massacrantes constantes dos livros de História, ao que acresceu a nossa inocência em não esperar, nem conseguir prever, um fosso cultural tão monumental.
Dispa-se, o viajante, de quaisquer seguranças de que possua e parta em busca de um estilo de vida que colocará em causa as suas mais altas convicções e capacidade de tolerância.
Fascinante a amostra de cultura que tivemos, pese embora tenha sido dificil lidar com ela; pese embora tenhamos constatado, com algum pesar, que não somos tão tolerantes e compreensivos como supunhamos.
Não somos viajantes, o que a certo ponto nos levou a cruzar os braços e deixar de procurar a quimera do conhecimento da alma russa.
Não conseguimos explicar a força da religião, num território onde esta esteve praticamente abolida durante setenta anos. Regressámos sem compreender a convivência equilibrada entre o fervor da fé e a postura saudosista do regime comunista.
Não compreendemos o simbolismo dos íconos das dezenas de catedrais e mosteiros que visítámos e atribuímos tal facto à ausência de legendas ou visitas guiadas em inglês.
De igual modo sorrimos ao pensar que um dia , ainda que momentaneamente, o francês foi a lingua oficial daquele país e no entanto a generalidade dos transeuntes mostrou-se relutante em nos dirigir a palavra num qualquer outro idioma à excepção do russo.
Ainda assim, não regressámos insatisfeitos, mas sim mais curiosos por começar a estudar e a entender a mentalidade daquela gigantesca parte da Europa que abraça uma grande parte da Ásia.