Uma pessoa vai levando a vida com uma dose moderada de paciência.
Finge rejeitar o paradigma da velocidade dos acontecimentos que o presente século nos impõe; morde as unhas de inveja sabendo que o seu dia chegará; respira fundo, controla as emoções e pesa as palavras que solta.
Com esforço, tenta-se controlar o que se tem e não desejar demasiado aquilo que não se pode ter.
Até que subitamente acontece algo que destabiliza a pouca estabilidade que se demorou uma dezena de anos alcançar.
Ora bem, o ano era de glória para o casal. Casal esse que vive de forma pouco convencional, dentro de uma racionalidade tradicional. Despegado de formalismos, o casal decide dar o nó num dia como qualquer outro e numa avenida que quase o seria também, não fora o odor particular de um estação de tratamento de águas descontrar as almas e perturbar os corações.
Ficam contentes com a sua simplicidade. Que história poderá suplantar a originalidade da deles?
Começam os preparativos e qual peixes numa água desconhecida, o casal enceta todos os esforços para que a festa seja magnânime.
E um dia a meio da tarde chega o email: imagens do Pacificio em azul turquesa e um pedido de casamento, subaquaticamente assombroso, apanhando de surpresa o casal que se julgava singular.
O momento já não é do casal.
E o casal não sabe que pensar do momento.