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O mundo da Ch@p@

Bridezilla II

A.N, 28.04.09

Somos assim, os deformados.

Os inseguros e desconfiados, os descrentes e cínicos, aqueles que antecipam o pior e se resignam ao menos mal.

Não lidamos bem com imprevistos e incertezas, pois no final do dia somos pagos pela busca incessante de uma paradoxal certeza jurídica.

Somos pessimistas  e premeditados, controlados e necessariamente calculistas, motivo pelo qual nos inquieta a ausência nas negociações.

 

Somos advogados.

 

E para dilema do oficio, existem circunstâncias que escapam ao nosso controlo.

Bridezilla

A.N, 28.04.09

 

 

No inicio era o verbo. Embriagado, mas irredutível.

Seguiu-se o anúncio familiar, a euforia dos amigos e uns quantos casamentos que dado o interregno se anteciparam.

Depois de extenuantes fins-de-semana de intenso planeamento,  era inevitável que algo escapasse ao nosso controlo: primeiro foi a Influenza mexicana, seguida de uma sugestão de leilão da liga.

 

Perante o novo cenário, parece-me exequível decretar o estado de quarentena numa cidade de vinte e cinco milhões de habitantes.

 

...

A.N, 06.04.09

Loja do cidadão.

Restauradores.

300 números distanciam-nos dos nossos certificados de registo criminal.

Os fins das requisições são imensos.

O Código dos Contratos Públicos é, sem dúvida,sobrevalorizado.

 

Justificam a situação com supostos requisitos de idoneidade e no final, se temos sorte, nada consta no registo acerca do requisitante.

 

Continuo a pasmar-me perante a eterna lusa confusão entre transparência e burocracia inútil.

 

 

 

...

A.N, 06.04.09

Ir ao Minipreço, por si, pode transformar-se numa experiência desagradável.

É um supermercado que não dispõe de todas as marcas, os empregados são prodigiosos em demorar o processo de registo das aquisições e em berrar o seu respectivo (e diminuto) valor, os congelados chegam-nos da Roménia e o papel higiénico disponível é invariavelmente de uma gama inferior.

Desfrutar da supra referida experiência no final de um dia de trabalho, onde a pressa de chegar a casa apenas se vê refreada por uma extrema necessidade de comprar salada pré-embalada , pode transformar o simples choro de uma criança numa viagem ao inferno e os gritos da respectiva mãe (que através da existência da pequena criatura se julga legitimada a infringir a lei do silêncio) permitem-nos vislumbrar e sentir os sintomas iniciais de epilépsia.

Junte-se a este cenário um último ingrediente que nos chega através de um olhar libidinoso de um pai que sorri docemente à sua filha enquanto a ameaça com um supositório.

 

 

A conclusão não poderia deixar de ser outra: bem-aventurados sejam os que encomendam online.