Não se admite a manutenção de uma situação desastrosa, pelo que quando algo corre mal, em vez de cruzarmos os braços, impõe-se a tomada de medidas, consideradas por vezes, posteriormente, inoportunas, injustas ou pouco razoáveis.
No entanto, como há uns meses atrás me diziam por altura das eleições, independentemente dos resultados que venham a ser demonstrados pela nova escolha, o importante foi ter-se tomado uma decisão, numa altura em que a manutenção do status quo era incomportável.
Após os já quase inúmeros empates e algumas derrotas do Sporting esta época, muitas foram as vozes críticas que se elevaram contra Paulo Bento, duras foram as palavras proferidas relativamente às suas escolhas e quase em uníssono foi exigido, pela massa associativa do Sporting, a sua demissão.
À semelhança do que ironicamente sucede nos funerais, um fenómeno expiatório parece agora ocorrer com muitos sócios do Sporting e treinadores de clubes adversários: Paulo Bento, passa de besta a bestial, em virtude da demissão apresentada.
Ora, vamos ver se nos entendemos: quando uma equipa de profissionais falha, custa-me a acreditar que a culpa seja toda imputável ao seu director. Ultrapassada a idade das verdades absolutas e situando-me, hoje, numa posição que me permite acreditar em quase tudo, concedo que possam ter-se formadas cabalas e pequenos conluios, no sentido de abalar a credibilidade e o trabalho desempenhado por Paulo Bento.
Por outro lado, a minha suposta isenção intelectual não permite, igualmente, omitir um facto que me pareceu sempre crucial na crucificação de Paulo Bento:não se admite que um clube como o Sporting utilize o seu treinador como porta-voz de imprensa, expondo-se desnessariamente, sem estar respaldado, em actos, pela Direcção do clube.
Ainda assim, os tempos impunham mudança, a atribuição de culpas e atitudes de auto-censura e bom senso, motivo pelo qual não posso, como sportinguista, deixar de apoiar a saída de Paulo Bento.
As razões do mal funcionamento da equipa, causador de todo o reboliço, apurar-se-ão, talvez, num futuro mais ou menos longínquo, mas apesar de cruciais, estas agora são insignificantes, perante sócios que em tempo de desnorte, carecem de ver cabeças rolar.