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O mundo da Ch@p@

É impossível não recordar uma adolescência ao som da Alanis

A.N, 25.11.09

 

  1. Quando se decide pôr roupa a secar na convicção que o dia que se segue será soalheiro ;
  2. Quando se sai de casa e se deixa para trás três janelas escancaradas;
  3. Quando no único dia que chove deixamos o chapéu-de-chuva em casa;
  4. Quando no dia em que chove a potes, a EMEL faz greve e não publicita esse facto;
  5. Descobrir que a EMEL está em greve na hora de almoço e recordar, amargamente, que o carro, habituado a ternas multas, ficou em casa;
  6. Regressar a casa, a pé, ensopada até aos ossos e não ter a satisfação de chegar mais rápido do que os carros, uma vez nas ruas onde habitualmente o caos impera, as vias estão desimpedidas e tudo flui.

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A.N, 23.11.09

 

Qualquer relação rege-se por regras, fixadas não necessariamente por comum acordo das partes, as quais apenas no melhor dos mundos agem, em quaisquer circunstâncias, sob o princípio da boa fé.

Na forma como nos relacionamos com os outros ditamos os princípios pelos quais pretendemos adequar as nossas condutas e na execução do contrato que não sabemos ter formado, tendemos por vezes a desviar-nos do comportamento inicialmente adoptado.

Todavia chegamos, por vezes, a um ponto, onde as nossas próprias regras nos limitam para além da vontade e o contrato fica esvaziado de conteúdo.

Essa não é, porém, necessariamente o momento adequado para alterar as regras do jogo.

É, sim, a altura de pararmos de jogar.

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A.N, 19.11.09

 

O amor chegou de forma telegráfica, sucinta e directa, atarefado entre chats clandestinos acedidos no decorrer de uma reunião.

O outro amor, da semana anterior, também chegou sorrateiro, disfarçado, meio tímido, mas decidido.

O importante foi que chegaram, com um tom de alívio sem mácula, numa semana onde as notícias recentes despertaram todos os sentimentos e nenhuns sorrisos.

O amor vem com aliança e esta agora já não atormenta.

Não é incómoda ou incompreensível, não amedronta nem afugenta.

 

O amor é louco. E é corajoso.

E a essa coragem ergo o meu copo esta noite.

 

Viva os noivos!

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A.N, 19.11.09

 

 

 

Convenhamos que a vida se torna mais leve e a semana menos árdua de encarar quando recebemos emails à terca-feira que nos alertam para uma festa, todas as semanas, destinada a louvar as sextas-feiras.

New York I Love You

A.N, 15.11.09

 

 

Porque existem cidades que ainda que se desconheçam, já se sabe que as vamos amar; porque essas são as cidades a que nos rendemos no momento em que chegamos e nos fazem sentir vivos; porque as cidades são as pessoas e estas transportam em si fragmentos de cidades de todo o mundo, é impensável não honrá-las com imagens e perspectivas de alguém que não apenas as ama, como crê que tal amor deve ser partilhado.

Se em Paris Je t´aime a fórmula tinha funcionado, em New York I Love You, o sucesso duplica-se, evitando o triste destino da maioria das fórmulas repetidas.

As imagens não são óbvias, nem as vidas singulares.

Mas é um tributo para aqueles que nela vivem, para aqueles que ali já viveram, para aqueles que ainda acreditam um dia a poder viver.

 

10 de tudo e de nada

A.N, 10.11.09

 

 

Numa fase incipiente da vida adulta, há algo de verdadeiramente perverso em quase todos os eventos de reencontro de ex-colegas de primária, liceu e/ou faculdade. As motivações da ida a esses encontros raramente são virtuosas e as despedidas têm sempre um tom de alívio que não dá lugar à saudade.

Ainda assim, deixar de comparecer a esse tipo de eventos é uma falha.

E, como se sabe, dos desistentes não reza a história!

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A.N, 09.11.09

 

Os intocáveis
 
 

"O processo Face Oculta deu-me, finalmente, resposta à pergunta que fiz ao ministro da Presidência Pedro Silva Pereira - se no sector do Estado que lhe estava confiado havia ambiente para trocas de favores por dinheiro. Pedro Silva Pereira respondeu-me na altura que a minha pergunta era insultuosa.
Agora, o despacho judicial que descreve a rede de corrupção que abrange o mundo da sucata, executivos da alta finança e agentes do Estado, responde-me ao que Silva Pereira fugiu: Que sim. Havia esse ambiente. E diz mais. Diz que continua a haver. A brilhante investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária de Aveiro revela um universo de roubalheira demasiado gritante para ser encoberto por segredos de justiça.
O país tem de saber de tudo porque por cada sucateiro que dá um Mercedes topo de gama a um agente do Estado há 50 famílias desempregadas. É dinheiro público que paga concursos viciados, subornos e sinecuras. Com a lentidão da Justiça e a panóplia de artifícios dilatórios à disposição dos advogados, os silêncios dão aos criminosos tempo. Tempo para que os delitos caiam no esquecimento e a prática de crimes na habituação. Foi para isso que o primeiro-ministro contribuiu quando, questionado sobre a Face Oculta, respondeu: "O Senhor jornalista devia saber que eu não comento processos judiciais em curso (…)". O "Senhor jornalista" provavelmente já sabia, mas se calhar julgava que Sócrates tinha mudado neste mandato. Armando Vara é seu camarada de partido, seu amigo, foi seu colega de governo e seu companheiro de carteira nessa escola de saber que era a Universidade Independente. Licenciaram-se os dois nas ciências lá disponíveis quase na mesma altura. Mas sobretudo, Vara geria (de facto ainda gere) milhões em dinheiros públicos. Por esses, Sócrates tem de responder. Tal como tem de responder pelos valores do património nacional que lhe foram e ainda estão confiados e que à força de milhões de libras esterlinas podem ter sido lesados no Freeport.
Face ao que (felizmente) já se sabe sobre as redes de corrupção em Portugal, um chefe de Governo não se pode refugiar no "no comment" a que a Justiça supostamente o obriga, porque a Justiça não o obriga a nada disso. Pelo contrário. Exige-lhe que fale. Que diga que estas práticas não podem ser toleradas e que dê conta do que está a fazer para lhes pôr um fim. Declarações idênticas de não-comentário têm sido produzidas pelo presidente Cavaco Silva sobre o Freeport, sobre Lopes da Mota, sobre o BPN, sobre a SLN, sobre Dias Loureiro, sobre Oliveira Costa e tudo o mais que tem lançado dúvidas sobre a lisura da nossa vida pública. Estes silêncios que variam entre o ameaçador, o irónico e o cínico, estão a dar ao país uma mensagem clara: os agentes do Estado protegem-se uns aos outros com silêncios cúmplices sempre que um deles é apanhado com as calças na mão (ou sem elas) violando crianças da Casa Pia, roubando carris para vender na sucata, viabilizando centros comerciais em cima de reservas naturais, comprando habilitações para preencher os vazios humanísticos que a aculturação deixou em aberto ou aceitando acções não cotadas de uma qualquer obscuridade empresarial que rendem 147,5% ao ano. Lida cá fora a mensagem traduz-se na simplicidade brutal do mais interiorizado conceito em Portugal: nos grandes ninguém toca."

 

Mário Crespo

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A.N, 06.11.09

 

Não se admite a manutenção de uma situação desastrosa, pelo que quando algo corre mal, em vez de cruzarmos os braços, impõe-se a tomada de medidas, consideradas por vezes, posteriormente, inoportunas, injustas ou pouco razoáveis.

No entanto, como há uns meses atrás me diziam por altura das eleições, independentemente dos resultados que venham a ser demonstrados pela nova escolha, o importante foi  ter-se tomado uma decisão, numa altura em que a manutenção do status quo era incomportável.

Após os já quase inúmeros empates e algumas derrotas do Sporting esta época, muitas foram as vozes críticas que se elevaram contra Paulo Bento, duras foram as palavras proferidas relativamente às suas escolhas e quase em uníssono foi exigido, pela massa associativa do Sporting, a sua demissão.

À semelhança do que ironicamente sucede nos funerais, um fenómeno expiatório parece agora ocorrer com muitos sócios do Sporting e treinadores de clubes adversários: Paulo Bento, passa de besta a bestial, em virtude da demissão apresentada.

Ora, vamos ver se nos entendemos: quando uma equipa de profissionais falha, custa-me a acreditar que a culpa seja toda imputável ao seu director. Ultrapassada a idade das verdades absolutas e situando-me, hoje, numa posição que me permite acreditar em quase tudo, concedo que possam ter-se formadas cabalas e pequenos conluios, no sentido de abalar a credibilidade e o trabalho desempenhado por Paulo Bento.

Por outro lado, a minha suposta isenção intelectual não permite, igualmente, omitir um facto que me pareceu sempre crucial na crucificação de Paulo Bento:não se admite que um clube como o Sporting utilize o seu treinador como porta-voz de imprensa, expondo-se desnessariamente, sem estar respaldado, em actos, pela Direcção do clube.

Ainda assim, os tempos impunham mudança, a atribuição de culpas e atitudes de auto-censura e bom senso, motivo pelo qual não posso, como sportinguista, deixar de apoiar a saída de Paulo Bento.

As razões do mal funcionamento da equipa, causador de todo o reboliço, apurar-se-ão, talvez, num futuro mais ou menos longínquo, mas apesar de cruciais, estas agora são insignificantes, perante sócios que em tempo de desnorte, carecem de ver cabeças rolar.

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