Ver o telejornal em Portugal, independentemente das nuances apresentadas pelos humildes canais de televisão de que dispomos, é um exercício vão e quase destituído de valor informativo, mas que constitui, simultaneamente, um exercicio de forte inspiração para perplexidades bloguísticas.
Que o diga eu que ao fim de cinco minutos de notícias da nossa actualidade política, consigo angariar mais de três temas sobre os quais gostaria de me debruçar e aprofundar.
No entanto, atendendo a que a notícia veiculada apenas me transmite uma opinião, algo demagógica, de um representante do governo e atendendo a que nestes casos, nos últimos tempos, poucos são os contrapontos apresentados e nenhuma é a investigação feita pelos repórteres no sentido de esclarecer o público a que se dirigem, confesso que a tarefa se torna árdua.
Por outro lado, a desresponsabilização dos media e a produção em massa sobreposta à política de informação, não ajuda à formação de uma massa crítica, o que me recorda estratégias amplamente abraçadas por ditadores e líderes de regimes totalitários.
Se a sede não é muita, a necessidade de água não é certamente valorizada.
Mas, à semelhança do que sucede com aquilo que se desconhece e que se torna indispensável no momento em que se vislumbra, não deveriam o esclarecimento e o rigor pautar a actuação daqueles que nos permitem ver mais além do nosso círculo de conforto?
E não deveria esta ser uma reivindicação nossa, na qualidade de cidadãos?
Independentemente das indagações e da minha curiosidade que ficou por saciar, aparentemente o Governo acaba de criar uma conta futuro para todos os recém-nascidos que em acréscimo à protecção jurídica de que são beneficiários antes de nascer, no momento em que vêem a luz, recebem uma conta no valor de 200,00€ que poderão movimentar aos dezoito anos.
Anunciou o João Tiago Silveira que a ideia por detrás da medida é criar hábitos de poupaça (o que eu consigo alcançar), mas constitui simultaneamente, nas palavras daquele anunciante, uma forte ajuda às famílias e uma garantia que todas as crianças têm acesso à escolaridade obrigatória.
A menos que não nos tenham facultado toda a informação e que os recém-nascidos de hoje pretendam frequentar a faculdade da terceira idade, confesso que não consigo atingir a bondade, o alcance e real significado desta notícia.
No entanto, talvez seja exactamente esse o propósito, não vá uma pessoa insinuar que há algo de demagógico em toda esta trama.