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O mundo da Ch@p@

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A.N, 29.04.10

Caraças pá. Não é que não goste de ter razão e não deixe de apreciar a ironia dos momentos.

Mas  o facto de o risco da dívida de Portugal se encontrar a cair pelo segundo dia consecutivo em antevésperas de o Benfica vencer o Campeonato de Futebol Português, a comunicação social veicular mensagens de alerta incessantes e o discurso dos economistas voltar a incidir no facto de o aumento do IVA ser a única solução que permitirá ao Estado arrecadar receitas imediatas e apresentar resultados mais favoráveis num curto espaço de tempo, começa, sem dúvida a deixar antever a aproximação, silenciosa, de uma tempestade fiscal.

Será provavelmente grande (ao mesmo tempo que inevitavel) e atendendo ao sentido de oportunidade, acabará inevitavelmente escamoteada pela vitória dos encarnados.

Para choque pessoal, tenho que conceder um certo carácter visionário a Salazar. Afinal (e considerando a azáfama )Portugal foi, é e continuará sempre a ser o país dos três F´s: Fado, Futebol e Fátima.

E o resto é conversa.


Quem diz que em Lisboa não acontece nada?

A.N, 25.04.10

 

 

Claramente não percebeu que este fim-de-semana aconteceu tudo.

 

Dias da Música no CCB

 

Concertos de "Abril" no Palácio de Belém e no Santiago Alquimista

 

Indie Lisboa 2010

 

 

E o Verão, como já nos tínhamos esquecido, no magnífico Jardim do Torel.

 

 

 

 

 

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A.N, 24.04.10

Sábado de manhã.

O relógio interno desperta-nos incessantemente durante a noite e de manhã, insiste que antes das onze já tivemos as horas de sono necessárias.

A Primavera que não se assume traz pólen e este traz alergias e a rinite alérgica não se faz rogada em aparecer.

O dilema do dia recairá sobre a escolha de um modelo de televisão, da marca, dimensão e sistema.

Antes do pequeno almoço, espreitei e as correrias no outro lado do mundo e subitamente esta existência matutina deste Sábado pareceu-me sensaborona.

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A.N, 21.04.10

Uma pessoa, relativamente boa em tudo o que faz, jamais descobre um dom ou uma vocação que permita distingui-la dos demais.

Uma pessoa relativamente boa não tem sonhos, tem paixões e caprichos, interesses vagos e aspirações frustradas. Não concretiza ideais, mas aprende a sobreviver a observar as ambições alheias.

Uma pessoa relativamente boa no que faz, não relaxa, não pára de caminhar, não evita tropeções.

Uma pessoa relativamente boa não deixa de ser mediana e cedo aprende que ao contrário do que proclama o ditado, não é necessariamente no meio que se encontra a virtude.

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A.N, 19.04.10

Diz-me o Sapo que um dos meus posts mais comentados versava sobre a avaliação dos professores.

Já não me recordava desse episódio, nem do desprezo e ira que provoquei nos representantes daquele tão digna profissão que dedicaram as suas tardes livres a insurgir-se contra a minha vil e ignorante visão da sua luta.

Mas confesso que dar de caras com vinte e um comentários insultuosos, decorridos quase dois anos desde a data em que estes foram escritos, tem um sabor agridoce.

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A.N, 18.04.10

Chegámos à ilha de que nos falaram de avioneta. Ou melhor, chegámos à Isla Bonita (San Pedro) de avioneta, de mãos suadas e batimentos cardíacos acelerados depois de uma viagem de meia hora a sobrevoar as águas translúcidas das Caraíbas, num engenho frágil e torpe que num dia de azar poderia bem ser o último engenho que os nossos olhos veriam.

Vindo de San Pedro , chega-se com muita facilidade a Caye Caulker (que se pronunica key caulker) apanhando um barco táxi, cujo bilhete de ida custa à volta de 17 dólares do Belize, acho...)

No dia em chegámos ao Caye Caulker, o taxo deixou-nos num pequeno embarcadouro, onde um golfinho atrevido nos saudou com mergulhos improvisados junto ao cais.

Sabíamos que não íamos encontrar estradas, que o lema da ilha passava inquestionavelmente pela descontração e a simplicidade, que a temporada da lagosta tinha terminado e que ali não iríamos encontrar praias extensas de areia branca, mas sim pontões que fazem as vezes de espreguiçadeiras.

Não nos disseram, porém, que o pôr-do-sol na ilha inspirava romances e linhas intermináveis de uma história que não escrevemos, demasiado embalados pelo som do mar a tilintar nos nossos ouvidos, deitados na madeira da pontão.

Evite Caye Caulker aquele que procura conforto e luxo, sofisticação ou lençóis brancos.

Os hotéis sãos caros, as janelas não têm vidro e a água das torneiras não é doce.

Mas o ambiente é relaxante, o peixe fresquíssimo, as ondas suaves e os espíritos também.

Biclicletas substituem carros e os apartamentos de betão dão lugar a casebres de madeira, suspensos em estacas, face aos tornados e cheios que assolam a costa.

O tempo demora-se em Caye Caulker.

E a primeira imagem de Caye Caulker demora a deixar de nos impressionar.

 

 

San Pedro

 

San Pedro

 

 

Caye Caulker

 

Bento em Portugal

A.N, 18.04.10

 

 

Ele (!) está a chegar e os católicos de hoje, no facebook, nos blogues, nos vídeos e colagens fotográficas, mostram que podem ser ingénuos, coloridos e utopicamente virtuosos, mas que no final do dia compreendem o significado do associativismo como ninguém.

 

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A.N, 11.04.10

Este hábito de escrever aos Domingos, torna a compilação de recordações uma tarefa árdua.

 

Após reler o último post , constato que o último relato deixou-nos em Corozal, em noites de rum e de Belikins geladas, honrosas representantes da única marca de cerveja produzida no Belize e que em alguns bares e restaurantes daquele país é, aliás, a única marca de cerveja disponível.

Continuando a análise daquele território novo e não sendo possível evitar comparações, é quase inevitável dizer-se que o Belize pouco ou nada tem em comum com os demais países da América Central.

 

Ao contrário do que sucede no país vizinho México e do que julgo que sucede na Guatemala (na altura em que visitámos a Guatemala estes pensamentos não me ocupavam a mente), no Belize as regras do monopólio aplicam-se.

À semelhança do que sucede com o jogo de tabuleiro que freneticamente disputávamos quando éramos pequenos, alguém um dia passou na casa partida, teve sorte  com os dados e comprou aquilo que em termos de indústria e serviços, seria, no tabuleiro do Monopólio, ocupar as casas verdes, azul escuro, encarnadas e amarelas.

 

Ou seja, no Belize, o proprietário da única fábrica de cerveja, era igualmente proprietário da rede de telefones (posição que cedeu ao governo inglês, com displacência dizem, há uns anos atrás) e controla, actualmente, os mais importantes serviços do país. Se acrescentarmos a tudo isto, um país cuja única indústria e exportação consiste na extracção de cana-de-açúcar (não controlada pelo mesmo senhor, mas pela Tate & Lyle que é rainha e senhora), temos o resultado inevitável de preços inflaccionados ( que em alguns casos são equiparáveis aos preços praticados em Portugal) e a existência necessária de mercados paralelos como forma de sobrevivência.

 

Por outro lado, convém não esquecer que tratando-se o Belize de uma ex-colónia britânica, o salero latino quase que se torna dificil de encontrar, não fossem os seus habitantes renegarem abdicar das origens e hábitos dos países vizinhos.

 

A viagem continuou com uma visita a Lamanai, ruínas maias exclusivamente acessíveis por rio.

Para chegar Lamanai, impõe-se uma paragem em Orange Walk, terra de ninguém e poucas vistas, mas onde reside o embarcadouro que nos leva a uma viagem de cerca de duas horas e meia, num leito estreito e verdejante, onde centenas de espécies de pássaros escolheram residir, juntamente com outras tantas espécies de cobras e crococodilos que não tivemos o privilégio de vislumbrar (com excepção de um minúsculo crocodilo adormecido que podemos jurar ser de plástico e ter sido colocado propositadamente pelos guias da viagem!).

Ao longo do rio, para além das paisagens fantásticas, encontrámos pescadores prazeirosos em embarcações pereclitantes, barcos que transportam cana-de-açúcar que bloqueavam a passagem e, para surpresa de incautos como nós, várias comunidades amish que sob a autorização do governo do Belize, se instalaram no norte do país, onde isolados do mundo, auto-suficientes e abençoadamente isentos de impostos, residem em comunidades apátridas e deslocadas, não apenas da realidade do país em que por acaso se encontram, como do tempo e hábitos do século vinte e um.

A nossa curiosidade perante tais comunidades foi recebida com reciprocidade e poucos fomos os que conseguimos disfarçar os olhares fixantes quando horas depois nos cruzámos com famílias inteiras na subida a uma das pirâmides mais altas de Lamanai ou nos seus trilhos irregulares.

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