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O mundo da Ch@p@

...

A.N, 20.06.11

Um recém deputado do PSD equiparou  a sua chegada à Assembleia da República à sua entrada, pela primeira vez, no alto dos seus seis anos, numa igreja: um misto de temor e devoção.

 

Parece-me, contudo, que este credo, a ser praticado com fervor, exige mais fé e penitência.

Porque não há escola que nos prepare para estas lições

A.N, 18.06.11

Táxi. Três da tarde.

Avenida da Liberdade. Trânsito congestionado e vias cortadas.

A cidade vendida ao desbarato e o Marquês de Pombal decapitado por um galo gigante, da óbvia marca Continente.

 

Taxista: "Oh menina, sabe que isto é tudo por causa do mulherio. Vêm todas para aqui à procura do príncipe encantado, percebe? E depois dá neste pandemónio!"

Menina: "Principe encantado? Pensava que vinham todas ver o Toni."

Taxista:"E vêm! É isso mesmo, ver o principe encantado do Toni.  O homem põe-nas malucas..."

Menina:"Lá isso é verdade, sim senhor."

Taxista: "É que sabe, tenho andado a pensar nisto há algum tempo. Desde aquela vez que fui mais um grupo de moças e moço para uma dancetaria ali para os lados da Amadora e no final da noite lá se deu uma zaragata e fomos todos para casa. Eu fiquei no quarto, a ouvir uma guitarrada de Dire Straits que na altura gostava muito e ali, nos meus pensamentos, apercebi-me que o que as mulheres querem e precisam de um homem romântico, um homem carinhoso que lhes dê miminhos e faça surpresas e que chore quando tiver que ser.Qual é a vergonha de um homem chorar?"

Menina: "É verdade, sim senhor."

Taxista: "Mas uma mulher, ao mesmo tempo, também precisa de um homem magano. Percebe? Um tipo que além dos mimos seja magano debaixo dos lençois e...olhe...lhe mande umas valentes pinocadas, sabe? E este Toni é assim. Daí este pandemónio e as mulheres andarem todas malucas."

 

Pausa.

 

Semáforo encarnado.

 

A menina pede recibo e abandona o táxi sem olhar para trás, considerando, porém, redefinir antigas noções de contos de fadas.

 

 

Nada como encontrar a dona do café vizinho após uma ausência de três anos

A.N, 18.06.11

 

 

Se, felizmente, não estamos na idade média;

Se em Portugal, por enquanto, ainda não se morre à fome;

Se há mais de cinquenta anos que a gordura deixou de corresponder a formosura;

Se corpos anafados deixaram de corresponder a um elevado estrato social, mas simplesmente a um elevado risco de ataque cardíaco e diabetes,

pergunto-me: Como, quando e de que forma, pode alguém considerar simpático, lembrar outra pessoa, sem pudor e em tom de mal disfarçado elogio, que ela está mais gordinha?

...

A.N, 01.06.11

No Domingo, apenas as certezas absolutas de uma filiação partidária vão apaziguar e confortar as almas votantes.

Recuso-me a acreditar, ou pelo menos sinto muita dificuldade em fazê-lo, que alguém não filiado ou  apartidário consiga manifestar a sua intenção de voto de consciência limpa e com a certeza, ainda que ínfima, que alguma coisa irá mudar para melhor nos próximos tempos,que os líderes partidários se movem pelo romanceado interesse nacional  e que se reveja, nas suas atitudes, arruadas e verborreias.

A maioria das pessoas, a julgar pelas sondagens e pela converseta de café, vai votar numa lógica de punição ou de puro interesse pessoal em arrecadar os tachos que serão reciclados quando as panelas actuais forem postas de lado.

O sentimento não é bonito, mas pelo menos é legítimo.