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O mundo da Ch@p@

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A.N, 25.01.12

 

Os meus pais chegaram a uma idade em que realizar programas ou tarefas que não se enquadram na rotina dos seus dias já lhes começa a causar alguma confusão. São pessoas de hábitos: uns saudáveis, outro nem tanto, mas em todos encontram algum conforto, numa idade em que a emoção da espontaneidade, segundo julgam, já não se adequa.

Hoje informaram-me, en passant, que esta noite iam ver um musical.

Depois de alguma insistência da minha parte em querer saber mais detalhes acerca deste inesperado programa, a minha mãe, desculpando-se com a insistência do meu pai, esclareceu-me que iam ao Tivoli, ver um musical sobre a história do Sporting, intitulado "1906 - Um grande Amor".

Como é óbvio, a minha cultura futebolística e, em especial, a minha cultura clubistica continua a não ser suficiente para acompanhar as iniciativas culturais deste clube que não escolhi, mas que naturalmente herdei ao nascer numa casa onde os homens se recusam a falar quando o Sporting perde (o que, nos últimos tempos, tem adensado o silêncio familiar) e onde as mulheres sustentam que o verde é a cor mais bonita de todas.

Mas agora, horas volvidas desde a surpresa do anúncio do programa familiar, começo a compreender melhor o que levou os meus pais a sairem do conforto do sofá esta noite.

Não é uma questão da fanatismo, uma vez que estes foram abençoados com o dom da razoabilidade e bom senso.

Não estão aborrecidos, pois se estivessem, poderiam ter ido ao cinema ver se o Michael Blomkvist  que tanto leram este ano assenta bem no Daniel Craig.

O que justifica esta atitude dos meus pais é algo que não se consegue explicar a um adepto de um clube rival: é, como o título do espectáculo indica, amor, na sua vertente mais irracional.

Entre os benfiquistas que me rodeiam, poucos são os que amam o seu clube quando perde. Amam os seus jogadores, é certo e , por vezes, quase que conseguem simpatizar com o seu treinador.  Os portistas, mais do que clubistas, são regionalistas e a sua zona de conforto é a vitória.

Os sportinguistas não se entendem, nem se fazem entender, mas amam, estranha e ironicamente, o seu clube, digerindo, com dissabor mas rapidez, as derrotas e sucessivas desilusões.

E, nos dias que correm, ser sportinguista é triste, porque não só se ama um clube que actualmente não merece ser amado, como este não é, efectivamente, amado pelos seus dirigentes e jogadores.

 

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A.N, 22.01.12

 

Os descendentes

 

 

A minha semana com Marilyn

 

 

Porque os Invernos em Lisboa querem-se assim: manhãs com muito sol e caminhadas pelos bairros antigos e noites com algum frio e muito bons filmes.

OWITHO

A.N, 20.01.12

 

 

Há uns meses atrás Maria P. Santos decidiu experimentar o crowdfunding, nomeadamente a plataforma do PPL, como forma de angariação de financiamento para organizar uma exposição com algumas das melhores fotografias que conseguiu tirar enquanto viveu em Moçambique.

 

A adesão dos seus amigos, familiares e conhecidos a este projecto foi imediata e o que até então não passava de uma ideia, transformou-se num projecto real.

 

Vinte e cinco imagens com rostos de habitantes da ilha de Moçambique integram a sua exposição, chamada "Owitho -- um retrato da ilha", que foi inaugurada ontem e estará presente até dia 26 de Janeiro, no Palácio Barão de Quintela, na rua do Alecrim n.º 70, em Lisboa.

 

As fotografias são deslumbrantes, os rostos inesquecíveis e o Palácio Barão de Quintela é um achado no coração de Lisboa onde cada detalhe traz-nos a beleza de outros tempos.

 

Um bocadinho de alguns, ontem, fez-nos felizes a muitos.

 

Parabéns Maria!

 

 

*"Owitho", no dialeto macua, da família das línguas bantu e a mais falada na ilha de Moçambique significa cara, rosto.

Beginners

A.N, 15.01.12

 

 

Anna:But now I'm always in a new apartment or in another hotel somewhere.

Oliver:How do you keep hold of friends? Or boyfriends?

Anna:Makes it very easy to end up alone. To leave people.

Oliver:You can stay in the same place and still find ways to leave people.

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A.N, 15.01.12

 

Decorridos dois anos e meio desde a lua-de-mel que tão bem merecemos depois de termos decidido casar e, mais do que isso, após termos organizado uma festa de arromba que marcou o dia da entrada em Portugal do virús H1N1, eis-me doente, encerrada em casa, disposta a editar os vídeos que fizemos pelo continente africano e oceano índico.

Tentando suavizar o tédio e a repetição de horas de filmagens com apenas dois personagens, decido encurtá-las e adicionar-lhes música.

Como a memória, apesar das várias tentativas de preservação, também acaba por ceder perante a passagem do tempo, opto por adicionar curtas legendas, sem reticências, não fosse este um filme sério, quiçá profissional.

 

Tudo parecia correr bem.

 

Ao décimo bloqueio do windows movie maker, recordo porque tanta gente opta por não se esforçar por conservar a memória.

Catarse

A.N, 15.01.12

 

Todos os dias, quando regresso do trabalho a pé, passo por um stand de automóveis so called de luxo, daqueles que brilham e cujos espelhos retrovisores são equivalentes a seis meses de condomínio.

As portas do stand estão sempre escancaradas e nunca vi um único vendedor ou comprador naquele estabelecimento.

Perante tamanha tentação, todos os dias rezo ao Senhor para continuar a dar-me juizinho e, essencialmente, bons dias de trabalho.

Para gulosos

A.N, 06.01.12

A minha amiga P. tem uma característica fantástica que adoro: onde quer que esteja, descobre sítios e pessoas giríssimos. E, sendo a P. uma pessoa com elevado sentido estético e gosto apurado, nunca desilude com as suas recomedações.

A P. mudou-se há uns anos para Londres, cidade que aprendeu a amar e cujos recantos se tem dedicado a esventrar, o que torna as visitas que lhe fazemos em autênticos bálsamos cosmopolitas.

 

Somos amigas há quase vinte anos e conhecendo-me como poucos, a P. nunca se esquece de me oferecer livros pelo Natal (porque sabe como fico triste por nunca ninguém se lembrar de mos oferecer), de me elogiar quando faço coisas sem importância e me repreender quando me porto mal em momentos importantes, de me recomendar artigos sobre política e de me dar a conhecer sítios, pessoas, lojas e restaurantes que sabe que eu vou gostar.

 

A antecipar os preparativos da próxima viagem a Londres - ainda sem data marcada - a P. deu-me hoje a conhecer um blogue sobre restaurantes de Londres, chamado Hollow Legs ( http://lizzieeatslondon.blogspot.com/ ), onde a mais simples imagem deita por terra o mito urbano de que não se come bem naquela parte do mundo. 

 

E mais uma vez acertou em cheio!

 

Mais do que a lista infindável de restaurantes recomendáveis e respectivas imagens das iguarias oferecidas, este blogue, pela sua autora, merece entrar automaticamente na lista de favoritos deste Mundo da Chapa: uma pessoa que ao descrever-se se limita a dizer "I like to eat", só pode ser uma pessoa excepcional!

Amen sister!

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