Isto de ser feliz é complicado. E que não se confunda ser feliz, com alcançar a felicidade.
A felicidade, como nos vendem nos livros e anúncios publicitários, não passa de um conceito vago e indeterminado, apenas ligeiramente concretizável em momentos pontuais, nos quais nos permitimos deixar entusiasmar por uma ideia, por uma pessoa, um gesto, uma novidade ou uma vitória. E, a julgar pelo que vemos na televisão, um bom iogurte ou umas férias em time sharing na Quarteira podem-nos dar felicidade.
Circunstância totalmente distinta e mil vezes mais desafiante é estar feliz e permitir-nos permanecer assim.
Afinal, se tudo o que é bom nem sempre dura, estar feliz desassossega-nos a alma, na medida em que é uma sensação limitada pelo tempo e pelas circunstâncias. E depois de um momento bom, o que se segue só pode piorar.
Estar bem nos momentos maus é muito mais fácil.
Todos sabemos identificar e caracterizar aquilo que nos faz mal, mas perdemos essa clarividência perante aquilo que nos deixa feliz.
É,afinal, mais confortável antecipar um momento mau do que lidar com a incerteza de um final pouco feliz.