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A regra desta casa, desde o dia da sua inauguração, foi sempre de dar importância e enaltecer aquilo que considero bom ou que por algum motivo me marcou pela positiva. Alguns foram os filmes, peças de teatro, livros, pessoas, eventos ou viagens sobre os quais nunca me pronunciei por, a meu ver, não me ocorrerem quaisquer comentários positivos acerca dos mesmos. Ou, às vezes, pareceu-me mais sensato não discorrer sobre os mesmos porque, simplesmente, não gostei deles.
Não quero, com esta regra, revindicar ou arrogar-me qualquer virtude que não possuo ou fingir-me justiceira. Alguma vez poderia ser justo um blogue pejado de opiniões e facciosismos da sua autora?
A excepção a esta regra da casa passa pelas críticas ao Estado e seus agentes - políticos e governantes. São alvos demasiado fáceis, demasiado públicos, demasiado próximos para passarem incólumes e ficarem isentos de críticas. Além de que como cidadã considero que tenho o dever e não apenas o direito de críticar.
Outra excepção a esta regra passou também, este verão, pela publicação de uma crítica negativa ao livro "Cinquenta Sombras de Grey", atendendo ao paradoxo que considero existor entre o estilo e conteúdo literário e o sucesso mundial daquele livro.
Elogiar o que vale a pena e ignorar o que não merece atenção, parece-me ser uma excelente manobra de auto-preservação para aqueles que escrevem livremente e sem qualquer vínculo profissional na blogosfera.
Por um lado, ninguém visado por um comentário elogioso poderá, em circunstância alguma, ficar melindrado. Contrariamente, o resultado de um comentário viperino é imprevisível, em especial se publicado num espaço ou publicação amplamente visitado.
Por outro lado, sendo livres na crítica, ninguém ficará subjugado a critérios de objectividade.
Acresce que sendo a blogosfera um espaço que cada vez mais gera tendências, forma opiniões e agrega pessoas, o impacto de uma opinião não deve ser ignorado, motivo pelo qual também considero que o teor dos comentários dos bloggers deve ser comedido. Não o sendo, não apenas o seu autor se torna um alvo fácil, simultaneamente, de ataque e compaixão, como os visados permanecem numa ribalta que não desejaram e à qual permanecem amarrados involuntariamente.
Criticar com classe nunca foi uma arte fácil. Afinal, convenhamos, para dominar essa arte é necessária inteligência e nem todos fomos abençoados da mesma forma nesse campo.
Assim, é mais fácil, ser-se sangrento, primário e cruel. Mas depois não se queixem se o troco é dado na mesma moeda.
É verdade que de sangue se alimentaram os povos durante séculos, como também se alimentaram da ignorância.
Nos dias que correm, porém, convém manter presente que a ignorância ou o desconhecimento da lei não aproveita a ninguém. E, vá lá, convenhamos, custa assim tanto lembrar o que as nós avós há muito nos ensinaram: se não há nada simpático para dizer, não é preferível ficar calado?
Ou será que o silêncio não vende?