Denunciar conteúdo ofensivo - Parte Um
Acorda por volta das onze e não dispensa a bica e o pão de leite com fiambre no café em frente.
A mãe reclama todas as manhãs que ele é novo e não devia deixar-se vencer pela preguiça; que responda a anúncios; que pergunte ao primo do João se o emprego na loja do Colombo ainda se mantém; que arranje uma boa rapariga e deixa de andar com as rameiras do bairro.
Ele finge que não a ouve e crava-lhe uns trocos para os cigarros.
Fica no café até perto do meio dia e ruma então para casa, para espreitar a caixa do correio e ver se chegou a carta do fundo de desemprego.
Liga-se, então, à internet através da ligação caseira (e obviamente ilegal) que o vizinho que trabalha na netcabo criou para os amigos mais próximos da rua.
Acede ao site do forúm do Sporting, enquanto acende o quinto cigarro da manhã. Da sala, chegam sons da “Tertúlia Côr-de-Rosa” e os comentários impertinentes da avó que vive com eles desde a última crise de gota .
Está desanimado e ainda que tenha consciência de que nada fez, sente-se cansado.
Discute-se o caso Vuksevic e ele não fica isento: “Filho da puta do ucraniano ou lá o que é. Volta mas é para a tua terra que preguiçosos já cá temos muitos”.
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Sorri e aguarda uns segundos até que volta a recarregar a página e começam as chegar os comentários reaccionários.
O dia está ganho.
Agora é só jogar Pro-Evolution Soccer até à hora do jantar.