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O mundo da Ch@p@

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A.N, 16.07.09

 

Em Portugal e presumivelmente em muitos países do mundo, o Direito é ensinado e veiculado como algo transcendental, inatingivel e complexo e como tal não compreensível pelo cidadão comum, banalmente conhecido como o bom pai de família.

Com espanto e perplexidade, recordo anos de devaneio ideológico e aborrecimento visceral durante as aulas da faculdade, onde senhores brilhantes me incitavam a decorar as suas igualmente brilhantes teorias e interpretações divergentes que eu, contudo, não compreendida, interiorizava ou concretizava.

 

Se com a prática, as  barreiras falsamente intransponíveis do Direito foram perdendo a sua dimensão grotesca, outras barreiras sobrevieram e impedem o meu discurso legalista de cumprir a sua missão  quando tento transmitir a minha mensagem aos meus destinatários.

 

A propósito deste tema, há umas semanas atrás tive a oportunidade de comprovar a minha teoria, ao assistir a um debate de cariz jurídico, em directo na televisão nacional, relativamente às malfadadas eleições do Sport Lisboa e Benfica.

Se por um lado os telespectadores foram presenteados por um orador conhecedor do tema, dos palavrões jurídicos e da lógica das disposições legais, do outro lado e paradoxalmente os mesmos espectadores (que leia-se são leigos na matéria) puderam ver os argumentos apresentados pelo douto doutor ser refutados por um não tão douto colega que em flagrante e chocante contradição com a lei, mas com a simplicidade do seu vocabulário, a sua veemência e fulgor e uma mensagem perceptivel a qualquer cidadão comum, convenceu os presentes e ausentes de uma posição, aparentemente, sem grande fundamento juridico.

A lei de pouco ou nada serve se não vai ao encontro das necessidades da sociedade.

Para a sociedade, a lei perde significado e o seu sentido prático, quando disfarçada em sinónimos retorcidos e palavrões de difícil compreensão.

Uma mensagem, ainda que torpe e errada, desde que proferida com o vocabulário correcto, atinge o seu objectivo final: o seu destinatário.

A lei da força e da certeza, porém, dispensa explicações e vocabulários e no entanto é a única que transpõem as barreiras da comunicação e se torna perceptível pelo Cidadão que teve o azar de nascer num regime civilista e não num sistema que abraça o senso comum.

 

 

 

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