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Atingimos uma certa idade ou a idade certa se preferirmos.
O mundo já não é a nossa ostra, mas um canto de recife onde se soubermos dominar a impaciência dos anos, conseguimos sentar-nos confortavelmente e deixar que a vida aconteça.
Chegámos, por fim, à idade em que trocámos as festas pelo convívio, a cidade pelo campo, a satisfação fugaz da fome pelo deleite dos petiscos lânguidos, os gestos impetuosos e excessivos pelas demonstrações subtis de amizade.
Ouvimos, por fim, Bob Dylan e Leonard Cohen e deixamo-nos ficar relaxados, contemplativos, completos, deleitados.
Já carregamos listas de melhores filmes, melhores discos, melhores viagens e melhores histórias.
Crescemos.
E não obstante os queixumes o passar dos anos só nos fez bem.