Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência
Era uma vez um grupo de senhores que à semelhança do que outrora estranharam nos seus pais, perto dos trinta descobriram que várias garrafas de gin, uma playlist cuidadosamente elaborada e uma sala com uma área simpática, são suficientes para garantir uma noite de entretenimento genuíno, propícia a momentos de humilhação pura entre pessoas que não podem deixar de se sentir à vontade umas com as outras.
Esse grupo de senhores sentia-se jovem, naquele sábado à noite em que lhes foi permitido esquecer a velhice precoce da semana acabada.
No decorrer do serão, porém, estes foram interrompidos por um grupo de recém-adolescentes que sem pudores se apoderaram do álcool, do ipod e dos cigarros da festa, chocando aqueles com o dobro da sua idade ao se dedicarem a fumaças ilícitas na cozinha.
Se, por instantes, qualquer eventual instinto maternal tenha inevitavelmente desaparecido- há que convir que ver recentes crianças em poses e gestos de adulto inconsequente pode ser perturbador e traumatizante - o mesmo foi facilmente recuperado. Não há que temer educar pessoas, há que apenas aprender novas formas de contornar a educação que nos foi dada.
O senhor da festa não castigou a adolescente pelos actos desmedidos das suas amigas. O senhor da festa ameaçou-a de contar à mãe o sucedido, caso a casa não fosse limpa.
Não obstante a sujidade ter sido causada pelos outros senhores, o dia amanheceu com uma casa luzidia, sem vestígios de cinza ou lama e o senhor, na tranquilidade dos seus trintas anos, pode finalmente passar um Domingo descansado.