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O mundo da Ch@p@

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A.N, 02.07.10

O Estado não teria qualquer legitimidade para interferir no negócio PT/Telefónica, caso o chamado núcleo duro de accionistas nacionais da PT (que afinal eram mais coesos do que se pensava, mas não na adopção da posição de que o Conselho de Administração da PT esperava), na qualidade de dignos representantes dos investidores portugueses, tivessem já dado sinais de pretenderem desenvolver novos projectos capazes de gerar riqueza nacional e tivessem demonstrado aos mercados que pretendem investir, criar e fomentar a criação de empresas e não limitar a sua actuação apenas a actos de mera especulação.

 

O uso da Golden Share não é, como o Financial Times o qualifica, uma estupidez colonial, nem uma qualquer manifestação de nostalgia colonialista. Em causa está pura e simplesmente dinheiro, ou, melhor, a falta dele, por parte dos accionistas que aprovaram o negócio, bem como do Governo que o vetou.

 

Esqueceu-se, porém, o Estado que nem todos os fins justificam meios, bem como a velha máxima que diz que um almoço nunca é de graça.

 

A generosa União Europeia que tantas vezes abriu os cordões à bolsa, impõe contrapartidas aos seus Estados Membros, não assistindo a países com a dimensão de Portugal a possibilidade de optar por permanecer à margem das grandes concessões exigidas aos restantes membros da União, como o Reino Unido o fez, antecipada e cautelosamente e ainda assim beneficiar das suas regalias e vantagens. Arriscamo-nos, pois, a ficar com os dois pássaros no ar: ser condenados pelo Tribunal de Justiça da União Europeia, com as necessárias consequências e ao mesmo tempo ver concretizado um negócio que retira rendimentos ao país, ao mesmo tempo que nenhuma acção de fomento da economia e de investimento é tomada.

 

E assim se reina na terra de ninguém.