Porque quando há golos não há queixas
“É urgente uma alternativa” – Crónica de Daniel Oliveira para sportingapoio.com
Prometeu resolver os problemas financeiros do Sporting. Conseguiu o pior resultado de sempre. O clube está à beira do abismo. E não se percebe onde gastam o dinheiro. Ou talvez se perceba onde não o ganham. Por uma simples razão: quando se desprezam os resultados desportivos despreza-se o ganha pão de um clube.
Prometeu dar ao Sporting vitórias. Conseguiu um quarto lugar e, nesta altura, oito pontos em dezoito possíveis. O pior resultado de sempre desde que uma vitória vale três pontos.
Prometeu devolver a dignidade e o prestígio ao Sporting. Envergonhou-o, vezes sem conta, com declarações adolescentes e incendiárias, tratando os sócios como inimigos.
Rodeou-se de mediocridade, porque é isso que faz quem, inseguro da posição que ocupa, precisa de sentir a sua força na fraqueza dos que o rodeiam.
Prometeu “trabalhar, unir, vencer”. Trabalhou mal, dividiu como poucos e perdeu como não há memória.
Ironia das ironias: um dos piores presidentes da história do Sporting é o primeiro profissional remunerado. E nunca se viu neste clube tanto amadorismo. Tudo, desde as contratações à escolha dos treinadores, parece ser decidido sem critério que se entenda. O Sporting navega à vista. E o barco está a ir ao fundo.
Está na altura de José Eduardo Bettencourt se demitir. Isto se quisermos evitar a belenização do clube. Mas para que isso sirva para alguma coisa aqueles que se têm identificado com uma oposição interna precisam de escolher uma alternativa credível e digna de respeito. Não será seguramente a repetição do estilo de cabeça de lista das últimas eleições. O Sporting precisa de gente que lhe dê respeitabilidade, não o contrário. Precisa de gente com rigor, não de populismo e promessas que ninguém, com o mínimo de seriedade, pode garantir que vai cumprir. Precisa de ambição, não de palavras fáceis.
E, acima de tudo, precisa de alguém que faça um corte com o passado recente. Que tire o Sporting das mãos da banca. A ideia de que só quem está próximo dos credores pode conseguir salvar o clube é de uma ingenuidade aterradora. Os bancos tratam do seu negócio. E nos negócios não há amigos, há interesses. O que precisamos é de um presidente que ponha sempre os interesses do clube em primeiro lugar. E que devolva o clube aos sócios e adeptos. Chega de cooptações plebiscitadas. É necessário quem escolha outro rumo.
Mais do que ao Presidente, fica um repto àqueles que se têm destacado pela critica ao caminho que temos seguido desde José Roquette: arranjem uma alternativa em que possamos acreditar. É urgente. Se não queremos, daqui a uns anos, ter de eleger uma comissão liquidatária.