Nem tudo o que luz é ouro
O fim do dia chegou.
A tez pálida das radiações do monitor do computador e da luz artificial, realçava as olheiras baças e profundas.
O caminho para casa afigurava-se longo e sinuoso.
A meio do percurso, dois adolescentes passam por mim de bicicleta. Com a energia de final do dia dos púberes que hoje em dia já não recordo, o miúdo louro diz animadamente ao moreno:
"Eh pá, eu quando vejo uma menina bonita digo-lhe que ela é bonita. Qual é o mal?Por exemplo (e neste momento aponta para mim) aquela menina é bonita."
Pausa.
Um olhar mais atento e dois instantes decisivos depois, o louro continua o discurso: "F#$#$#, mas esta menina tem idade para ser minha mãe!".
Moral da história: manter um ego mediano, aos trinta anos, é uma tarefa hercúlea.