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Faz exactamente hoje dois anos que comecei a trabalhar no sítio onde hoje definho (mas com gosto, leia-se) mergulhada entre papeís, regulamentos, contratos e emails.
Em jeito de celebração, esta manhã fui interrompida impunemente durante a execução das minhas tarefas por uma colega - na caricata acepção da palavra - que partilha o mesmo espaço físico que eu há cerca de um ano, pese embora estejamos pudicamente separadas por finas paredes contraplacadas.
Entrando, de forma atabalhoada, pelo corredor que se confunde com o meu gabinete, a colega pergunta-me se o Dr. G. se encontra, num gesto que poderia ser de cerimónia, antes de avançar para o gabinete daquele causidico.
Respondo-lhe que está, mas que não sabia dizer-lhe se o mesmo se encontrava acompanhado.
Despachadamente, a colega volteia-se e pergunta-me, descontraidamente, se eu por acaso percebo alguma coisa de leis porque tinha recebido uns papeís do tribunal dirigidos ao seu companheiro que não conseguia decifrar.
Três segundos de estupefacção depois, respondo-lhe que sou advogada, pelo que se presume que perceba alguma coisinha...
Após soltar uma breve gargalhada, a colega confessa que sempre tinha achado que eu era secretária do Departamento Jurídico.
Dois anos volvidos, é satisfatório ver que tenho vindo a deixar uma marca significativa naquele lugar.