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Com um olhar de menina nostálgica, a J., companheira de escola dos tempos da adolescência que deixei de acompanhar a partir da idade adulta, perguntou-me se eu tinha casado com o meu primeiro namoradinho púbere da época do liceu.
Pareceu-me triste quando a informei que Deus nos livre! não .
Perante a rapidez e rispidez da minha resposta, exageramente pronunciada face à profunda surpresa de ver-me confrontada com tal pergunta, a J. confessou-me que adoraria que tal tivesse acontecido porque segundo ela parecíamos tão queridos naquela altura e ela precisava tanto de ver confirmada a sua teoria que as verdadeiras histórias de amor adolescente não só existem, como sobrevivem.
Não tive coragem de a esclarecer relativamente à verdade dos factos, rematando apenas que tinha descoberto a verdadeira faísca muitos anos depois e do outro lado do Atlântico.
Saindo sem mazelas daquele encontro com o passado, apercebi-me que no fundo, cada um de nós acredita não há história de amor como a sua e paradoxal e inocentemente assume que as histórias de amor dos outros têm sempre o ingrediente que falta à nossa para que esta seja perfeita.
E ainda bem que assim é, porque o que seria do Nicholas Sparks se alguém revelasse ao mundo que nem todos os homens são cavalheiros, que nem todas as mulheres ousam deixar cair por terra o seu orgulho e que as coisas, por vezes, são apenas o que são: um perfeito disparate.