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Proclama-se a necessidade de revolução nas mentalidades e nas ruas. Consequências, porém, são poucas.
Houve os que saíram à rua para lembrar que a economia os maltrata; houve os que arrastaram os avós e pais saudosos da revolução de Abril, enquanto carregaram aos ombros os rebentos do século XXI, cujo futuro está condenado.
Estavam lá aqueles que se revêem nos ideais do movimento organizador, os que levaram a sério o conselho hipócrita de Cavaco, os que acreditam piamente que um contrato de trabalho sem termo e um acesso facilitado ao crédito lhes trará a bonança e a maturidade que a juventude dos tempos modernos não lhes permite alcançar; os injustiçados e os justiceiros, os que não ousam calar-se, mas não sabem do que falam.
E também lá estavam aqueles que foram, simplesmente, pelo prazer do convívio.
Mas afinal, era, realmente, necessário ter um ideal para marchar em direcção à Praça de Camões, no Sábado à tarde?
Portugal tem um longo caminho a percorrer no que respeita a manifestações. Para ser levado a sério, os portugueses têm que ser sérios. Exigir, mas com firmeza, com objectivos concretos e palavras responsáveis.
Milhares saíram à rua, é certo, e só essa demonstração de cidadania e participação activa na sociedade, deve ser um motivo de regozijo. Mas, contrariamente ao que dizia o outro, o caminho nem sempre se faz caminhando.
Por vezes, e em assuntos de especial importância, convém saber para onde nos dirigimos e porque razão o fazemos.