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As mais recentes sondagens eleitorais e respectivos resultados mergulham num exasperante estado de desilusão e depressão aqueles que compõem o eleitorado pensante, inconformado e, principalmente, consciente dos seus deveres e direitos cívicos.
Condescender perante o PS e o seu líder José Sócrates e justificá-lo com a recente actuação inepta, irresponsável e desacreditada do PSD, faz tábua rasa a dois mandatos profícuos em escândalos, corrupções, mentiras e desonestidade intelectual.
Reeleger José Sócrates significa desresponsabilizá-lo por actos e opções cuja responsabilidade ele deveria ter assumido e não o fez (ou alguns membros do seu governo o deveriam ter feito), num momento em que os grandes exemplos de seriedade, rigor, profissionalismo e sentido de responsabilidade deveriam ser imperativos máximos.
Como podemos pretender assumir-nos como sérios, empenhados e criar confiança nos mercados se a maioria do nosso eleitorado se revê num exemplo que não o é? Como pode esse exemplo, conscientemente, representar-nos? E como podemos reciclar a imagem deste país actual e profundamente manchada por escândalos políticos e uma séria crise financeira, amplamente discutida e conspurcada além fronteiras?
Qualquer voto que não confirme a vitória do PS, neste momento, não pode nem deve ser interpretado como um apoio directo a uma oposição que infelizmente não se assume como alternativa.
Não votar em José Sócrates significa punir quem nos desiludiu e não deixar incólumes as histórias mal explicadas dos seus mandatos.
Que não se esperem reviravoltas súbitas e soluções milagrosas num futuro próximo, mas castigue-se quem não nos respeitou e abusou da ignorância do eleitorado, sem pudor, mazelas ou qualquer sentido de Estado.
Numa época em que tanto é exigido aos portugueses, continua sem se perceber porque é que estes exigem tão pouco.