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O mundo da Ch@p@

Se trabalhar fosse bom não era necessário pagar

A.N, 09.02.12

 

As "cunhas" ou passaportes exclusivos de acesso a realidades, como alguns lhe chamam, têm, a meu ver, uma conotação negativa que nem sempre é necessária.

Quando se ouve falar de alguém que beneficiou de uma cunha ou de qualquer outra forma de apoio suplementar para arranjar um emprego, assume-se à partida que esse alguém se conformará com o emprego que lhe foi oferecido de bandeja, mas não com um verdadeiro trabalho.

O trabalho feio, aborrecido, profundo e sério aparece, na profunda convicção das gentes, como algo reservado aos que não beneficiaram desse apoio, para aqueles de quem o "tio" se esqueceu ou fez por se esquecer.

Na maioria dos casos, concedo, talvez a justiça não se faça valer para os que beneficiaram de uma mão amiga. No entanto, para aqueles a quem a sorte bafejou com um ombro amigo, uma cunha pode ser apenas sinónimo de trabalho acrescido, na medida em que desmistificar o motivo da contratação implica trabalhar a dobrar e prestar provas suplementares que num emprego médio e regido por horários rígidos  jamais se justificariam.

As cunhas podem ser eticamente condenáveis, é certo.

Mas desde que não sirvam apenas para justificar discrepâncias salariais, parece-me que é apenas mais uma regra, de acordo com a qual a nossa geração dos oitenta é bom que aprenda a viver.

O importante não é a forma como lá se chegou, mas o que se fez depois de lá chegar.

 

 

 

 

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