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Uma das primeiras lições que aprendi quando comecei a trabalhar é que não existem maus profissionais. Pelo menos, os que o são, jamais o admitem.
Existem trabalhadores injustiçados, pouco reconhecidos e os obcecados. Maus trabalhadores nunca. Desmotivados, talvez, mas sempre por culpa do patronato.
O mundo do trabalho é um misto de laboratório científico e de palco de teatro. Todos actuam, mas na realidade não conseguem fugir à essência humana, o que dá material que sobra para realizar experiências laboratoriais de foro sociológico.
Na verdade, todos acreditamos ser bem melhor do que somos e em especial do que fazemos. Acreditamos ser mais justos, mais ponderados, mais inteligentes e generosos do que somos na realidade. Talvez por todos vivermos em estado de semi-inconsciência, seja por isso difícil aceitar, por um lado, críticas de terceiros e, por outro, os pequenos dissabores com que a vida nos presenteia.
Por regra, as fraquezas não se assumem e as imperfeições, custe o que custar, disfarçam-se. Somos divertidos, quando a ocasião ajuda e hipócritas quando as coisas não correm de feição.
Somos, especialmente, muito fortes e corajosos quando a situação discutida não nos afecta ou não nos diz respeito.
No fundo, somos todos uns sobreviventes e apesar das diferenças, somos afinal muito mais parecidos do que achamos.
Considerações sociológicas à parte, regresso ao ambiente laboral para concluir que não existem trabalhos bons. Existem, por vezes, empregos maus.