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O mundo da Ch@p@

O Sentido de eleição

A.N, 17.06.05
Os cheiros são, sem dúvida alguma, mais inesquecíveis do que muitas frases, muitas caras ou lugares.
O cheiro fétido dum lago da Guiné Bissau, o cheiro de frutas maduras e maresia do Algarve, o perfume suave das camisolas da minha mãe, o cheiro das ruas de Barcelona, o odor húmido impregnado nas roupas de Barcelona.
Regressar a uma cidade que já se conhece de ginjeira, aligeira os passeios e os estados de espírito, tornando dispensáveis os roteiros de viagens, esclavagistas de tantos turistas.
Para mim, chegar a Barcelona é ainda mais do que isso. (Engraçado constatar que só hoje me sinto capaz de escrever alguma coisa sobre esta curta visita!)
É o tumulto familiar da Plaza Catalunya, são os pés sujos e calejados por palmilhar ruas e ruas de chinelas, é a humidade nos cabelos e na pele que, misturada com a poluição, nos escurece a tez durante o dia.
Mas mais do que qualquer outra memória, ainda sinto o cheiro dos fins de tarde na Barceloneta, é o cheiro das ruas do Bairro Gótico, do Raval e da Gracia, é o cheiro do metro, dos autocarros, das casas, das tapas, das claras e dos kebabs.
São odores que não incomodam, que não se estranham, que não me sinto tentada a repelir.
Cada lugar uma história, uma pessoa ou um momento, mas sempre o característico e inolvidável odor.
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