Farta de criticar, hoje é dia de elogios.
Com o seu amigo Jaques ( É favor arrastar e enfatizar o “e” de Jaques! Valeu irmão!), o fado ontem à noite reinventou-se, modernizou-se, ganhou tonalidades e melodias inovadoras, aproximando-se do coração e dos ouvidos dos muitos e tão diversificados ouvintes.
Reconheça-se o mérito de Mariza por ter conseguido aproximar as gerações mais novas deste género musical, erroneamente escondido em salas encafuadas e escuras, das vielas de Alfama e Bairro Alto.
Não se limitando apenas a cantar, apresenta-se de forma estudada, pensada, racionalizada.
O fado deixa de ser tristeza e amargura, tomando contornos de festa, de espectáculo.
Impressionante ver a tristeza das letras camuflada nos batuques de África, os ritmos marcados por djambés e tambores e a prova de que o fado pode prescindir, momentaneamente, das guitarras portuguesas e deixar-se acompanhar por um solitário violoncelo, com cheiro carioca.
Parabéns ao CML e ao EGEAC por esta brilhante iniciativa: o cenário estava deslumbrante, com a Torre de Belém iluminada e luminosa no céu chuvoso de Lisboa, que apesar de ameaçador, não fez com que as centenas de pessoas arredassem pé.
É bom constatar que a tendência para a pouca afluência de público nos espectáculos nacionais se começa a alterar.
Admitamos ou não, o que é nacional é , muitas vezes, olhado com alguma desconfiança.
Para desmistificar este tipo de situações, nada como um concerto grátis, num espaço privilegiado da nossa cidade, com artistas competentes e profissionais.
É bom ver que o facto de o concerto ser gratuito não se limitou apenas a ser um chamariz ou uma justificação para a assiduidade.
Soube bem ouvir os últimos acordes e sentir que quem lá esteve não saiu indiferente!